Geddel foi preso em 2017 após a PF encontrar malas com R$51 milhões em um apartamento na Graça
O ex-ministro Geddel Vieira Lima foi transferido para Salvador, na manhã desta sexta-feira (20), em um avião da Polícia Federal. Geddel foi preso em 2017 após a PF encontrar malas com R$51 milhões em um apartamento na Graça, em Salvador. O avião pousou no início da tarde no Aeroporto Internacional Luis Eduardo Magalhães.
Geddel deixou o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, e viajou de avião para o Centro de Observação Penal, em Salvador.
Geddel foi condenado a 14 anos e 10 meses de prisão em outubro de 2018 pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa.
A transferência foi autorizada pelo ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão tomada na sexta-feira (6) atende a pedido feita pela defesa de Geddel. A transferência de Geddel deve acontecer nos próximos dias.
Geddel, que foi ministro nos governo Lula e Michel Temer, está preso desde 2017 em Brasília. Ao pedir a transferência para Salvador, a defesa argumentou que o ex-presidente da Caixa Econômica Federal tinha família na capital baiana, incluindo os dois filhos.
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu em outubro condenar o ex-ministro e seu irmão, o ex-deputado Lúcio Vieira Lima (MDB), pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa no caso do bunker dos R$ 51 milhões em Salvador.
A discussão do caso, iniciada em 24 de setembro, se estendeu por cinco sessões da Segunda Turma até esta terça, quando os ministros definiram a pena de 14 anos e 10 meses de prisão para o ex-ministro Geddel e 10 anos e 4 meses para seu irmão, o ex-deputado Lúcio.
Multas
Ambos deverão pagar R$ 52 milhões por danos morais e mais R$ 2,5 milhões de multa. Os ministros da 2ª Turma mantiveram a prisão preventiva de Geddel. Já Lúcio poderá esperar o julgamento dos recursos – que ainda podem ser impetrados no STF – em liberdade.
Geddel, preso desde 8 de setembro de 2017, Lúcio Vieira Lima e a mãe dos emedebistas, Marluce Vieira Lima, foram denunciados em dezembro de 2017, três meses após a deflagração da Operação Tesouro Perdido, que apreendeu, em 5 de setembro daquele ano, os R$ 51 milhões em dinheiro vivo – R$ 42,6 milhões e US$ 2,6 milhões – em um apartamento no bairro da Graça, em Salvador, que fica a pouco mais de um quilômetro da casa da matriarca, no Apipema.
No dinheiro, foram encontradas digitais de Geddel. Para Marluce Vieira Lima, o processo foi desmembrado à primeira instância.
“Me pareceu comprovado sem sombra dúvida razoável que teriam se associado de forma estável e permanente para a prática dos crimes de lavagem de dinheiro”, disse a ministra Cármen Lúcia.
Cármen acompanhou o entendimento do relator, ministro Edson Fachin, e do revisor da ação penal, ministro Celso de Mello, de que os irmãos Vieira Lima teriam de ser condenados tanto pelo crime de lavagem de dinheiro quanto de associação criminosa.
Após a leitura dos votos dos cinco ministros que integram a Segunda Turma, a sessão foi suspensa. No retorno, enquanto os cinco ministros votaram pela condenação dos irmãos Vieira Lima por lavagem de dinheiro, houve divergência na Segunda Turma sobre as acusações de associação criminosa.
“Para que determinado indivíduo possa ser considerado sujeito ativo do crime, para que responda por essa infração criminal, é preciso que tenha consciência de que participa de uma organização que tenha como finalidade delinquir”, observou Lewandowski, ao abrir uma divergência parcial dos colegas.
“No presente caso, a permanência e estabilidade do vínculo entre acusados decorre da relação familiar, caracterizada por laços de consanguinidade existente entre eles. No ponto, importa considerar que nada há nos autos que permita concluir que o relacionamento dos acusados se deva ao propósito de praticar ilícitos penais. Constituem uma família”, acrescentou Lewandowski.
Gilmar Mendes o acompanhou nesse ponto, mas a posição dos dois foi vencida.
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