O vereadorKaique Ara - Divulgação
Vereador mais jovem da cidade e primeira pessoa assumidamente LGBT a ocupar um cargo eletivo, Kaique Ara conquistou mais um espaço na política de Camaçari: seu nome é consenso para assumir a presidência municipal da Executiva do PT pelos próximos quatro anos. A escolha foi resultado de um processo interno de pactuação, marcado por diálogo entre diferentes correntes do partido.
Em entrevista exclusiva ao Camaçari Fatos e Fotos (CFF) nesta sexta-feira (09), Kaique falou sobre essa nova responsabilidade, a construção do consenso em torno do seu nome e o que a juventude pode esperar do seu futuro mandato. "Alguns nomes importantes foram colocados, o nome da companheira Ellen Borges que é dirigente nacional do PT. O nome do companheiro Josué do Sindicato, hoje vice-presidente do partido, e da própria professora Jaqueline, atual presidente, foi a primeira a abrir mão da disputa em torno do nosso nome", contou Kaique. “Os demais companheiros também entenderam a necessidade de se construir uma unidade e fizeram também o mesmo gesto de validar o nosso nome.”
Apesar do destaque recente na política institucional, a trajetória de Kaique dentro do partido começou cedo. Filiado desde os 16 anos, ele acumula experiência nas fileiras da militância jovem. “Fui secretário da Juventude do PT por duas vezes, dirigente nacional da Juventude do PT por três vezes em três gestões executivas, além de ter sido candidato em 2020 e agora em 2024 vencendo a eleição, conseguindo ser o vereador mais jovem da cidade eleito no último pleito eleitoral”, recorda. “Então não é um processo rápido, é um processo de uma construção que vai aí a metade da minha vida”.
Agora, prestes a assumir a presidência do partido, Kaique afirma que o novo ciclo trará renovação, sobretudo na forma como o PT se relaciona com a juventude. Para ele, é fundamental criar caminhos para novas lideranças jovens em um cenário político onde a direita tem atraído parte desse público. “No PT, os jovens que se constroem na política não herdam sobrenomes políticos. Então, para nós, enfrentar a política tradicional nunca vai ser uma tarefa fácil”, avaliou.
“Ser um presidente jovem à frente do Partido dos Trabalhadores em Camaçari me traz o desafio de construir caminhos para que outros jovens também possam acessar o espaço de poder. É isso que nós vamos fazer. Dialogar com os setores emergentes e dialogar com os setores que precisam do aporte do PT do ponto de vista das ideias, da filosofia, para que a gente possa avançar e expor essas novas lideranças para a Camaçari e para toda a Bahia.”
Questionado sobre o que esperar de sua gestão, Kaique resumiu em uma palavra: ousadia. “Eu acho que ser jovem exige ousadia para nós e eu não tenho dúvida que o PT precisa ser um PT mais ousado, mais audacioso, que não deixa de falar sobre suas pautas urgentes e necessárias, mas também seja sensível àquilo que a sociedade tanto tem falado e que muitas vezes a gente negligencia”, afirmou. “A esquerda precisa ter um olhar mais cuidadoso e nós, enquanto Partido dos Trabalhadores em Camaçari, vamos ter um cuidado e um trato sobre as pautas que a sociedade tem dito e que por vezes os partidos políticos não têm ouvido”, reforçou.
Ele também enfatizou que pretende conduzir uma presidência democrática, com escuta ativa e participação das diferentes forças que compõem o partido. “Eu também não posso deixar de ouvir a contribuição dos companheiros históricos que vão compor essa Executiva, o Diretório Municipal e que fazem parte desse processo de construção. Então nós iremos fazer um processo de direção muito democrático, muito acessível e próximo das pessoas que fazem esse partido viver, que é a nossa militância, que são os nossos filiados.”
A eleição para a nova presidência será formalizada durante o Processo de Eleições Diretas do PT (PED), marcado para o dia 6 de julho. A escolha dos demais membros da Executiva ocorrerá após a eleição do Diretório Municipal. O nome do futuro vice-presidente ainda não foi definido.
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