Missão evangélica que recebeu R$ 872 milhões para assistência aos povos indígenas não entregava alimentos
Documentos protocolados no ministério da Saúde confirmam as suspeitas de genocídio do povo indígena Yanomami, investigadas pela Polícia Federal, a pedido da Procuradoria Geral da República. Os documentos foram enviados entre junho de 2021 e março de 2022 aos ministérios da Justiça e Segurança Pública e da Cidadania.
Dois desses ofícios, emitidos pela Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), foram obtidos pelo colunista Carlos Madeiro, do portal Uol, e revelam que o governo de Jair Bolsonaro cortou a alimentação doada a yanomamis, mesmo após ter sido alertado da grave situação e do pedido da manutenção de entrega de comida aos indígenas.
"Diante da situação atual do quadro de déficit nutricional demonstrado no relatório supracitado, ressalta-se a importância da manutenção das ações de Distribuição de Alimentos, com objetivo de minimizar emergencialmente as situações de vulnerabilidade alimentar da população indígena yanomami", diz ofício de 1º de fevereiro de 2022.
Segundo a Sesai, o Dsei (Distrito Sanitário Indígena Especial) Yanomami foi contemplado pela Ação de Distribuição de Alimentos a Grupos Populacionais Tradicionais (ADA) em 2017, após determinação do TCU (Tribunal de Contas da União). A ação era coordenada pela Secretaria Nacional de Inclusão Social e Produtiva Rural, do antigo Ministério da Cidadania.
Um outro relatório emitido no início deste ano, com diagnóstico feito pela ONG Missão Evangélica Caiuá - que recebeu R$ 872 milhões do governo Bolsonaro durante os quatro anos de gestão -, confirma que praticamente não havia entrega de alimentos. "O governo tem realizado a doação, mas infelizmente para os indígenas chega apenas arroz, quando chega", cita o documento publicado pelo site GGN.
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