Delegado Martin Bottaro Purper, que investiga tese propalada por Bolsonaro sobre "mandante" da facada, ainda pediu acesso ao laudo psiquiátrico que manteve Adélio internado na penitenciária de Campo Grande (MS).
Às vésperas do segundo turno das eleições, com as pesquisas apontando eventual derrota de Jair Bosonaro, o delegado Martin Bottaro Purper, que foi escalado pela Polícia Federal para reabrir o inquérito a pedido da defesa de Jair Bolsonaro (PL), quer fazer um novo interrogatório com Adélio Bispo de Oliveira, responsável pela facada no então candidato à presidência em 2018, durante campanha em Juiz de Fora (MG).
Purper, que já comandou investigações sobre o Primeiro Comando da Capital (PCC), cogita a hipótese de ligação de Adélio com o grupo criminoso.
O agente também teria pedido à Justiça Federal em Mato Grosso do Sul acesso ao laudo de avaliação do estado de saúde mental realizado em junho, que manteve Adélio internado na penitenciária federal de Campo Grande, onde ele está há quatro anos, desde o atentado.
No entanto, o juiz Luiz Augusto Iamassaki Fiorentini, da 5ª Vara Federal Criminal de Campo Grande, negou acesso no dia 4 de outubro, após ouvir o Ministério Público Federal.
Fiorentini alegou que "o documento está sob sigilo absoluto e não constitui diligência investigativa sobre fatos pretéritos, que justifiquem sua utilização na averiguação da participação e/ou financiamento por terceiros, no delito praticado pelo internado".
Reabertura do caso
A autorização para reabertura do caso aconteceu em novembro do ano passado pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
O objetivo da nova investigação, após duas outras concluírem que Adélio agiu sozinho, é investigar a tese propalada por Bolsonaro de que há "mandante" no crime, partindo da tese de que ele foi prontamente atendido pelo advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior, que se ofereceu para fazer a denúncia visando a publicidade que teria o caso.
A principal "prova" defendida por bolsonaristas é que o advogado teria voado com avião próprio para atender Adélio - sem colocar na conta a repercussão que o caso traria para o nome do jurista.
O que a PF quer saber, trocando em miúdos, é se Oliveira Júnior recebeu de terceiros para assumir a defesa ou seu interesse era apenas midiático, por se tratar de um processo que daria visibilidade ao advogado.
No início do ano, Bolsonaro, que se internou às pressas para tratar de mais um obstrução intestinal, resgatou o caso e incitou na horda bolsonarista a tese defendida pelo clã, de que Adélio fazia parte de um plano comunista para assassinar o então candidato.
O caso ainda está sendo resgatado a partir do ocorrido com Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), que fugiu de agenda em Paraisópolis, na capital paulista, alegando que foi alvo de bandidos - tese que já foi refutada pela polícia.
Com informações da Folha de S.Paulo
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