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Nesta quarta-feira (16), o vereador Junior Borges (União) fez revelações graves sobre o prefeito Elinaldo e o presidente da Câmara Municipal, Flávio Matos, ambos também do União, em uma entrevista ao programa Fala Povo. Borges, que não se reelegeu e recentemente rompeu com o grupo político ao qual pertencia, expôs uma série de denúncias envolvendo ameaças, tráfico de influência, perseguição política e compra de votos.
Essas revelações lançam mais uma sombra sobre o cenário político camaçariense, especialmente em meio à disputa pelo cargo de prefeito, no qual Flávio Matos, candidato de Elinaldo, tem usado uma narrativa onde se coloca como vítima de suposta perseguição política e tenta se posicionar como paladino da moralidade e da fé cristã.
Violência e ameaças do grupo político de Elinaldo
Borges começou sua entrevista denunciando a violência promovida pelo grupo político que, até pouco tempo, ele fazia parte. Segundo ele, as acusações de que a campanha do prefeito Luiz Caetano (PT) incentiva a violência são falsas, e, na verdade, a violência parte do "time azul", grupo de Elinaldo e Flávio Matos contra Caetano, e isso de caso pensado e ditatorial.
“Quem promove a violência na cidade hoje, quem incentiva essa mesma violência é o grupo do azul. É o grupo do candidato do União, que propaga violência em todo canto da cidade.
Se você não estiver coadunado com as questões pessoais, individuais de cada um deles, eles acabam indo de encontro a você e cometem vários atos de violência", declarou Borges, deixando claro que aqueles que se opõem ao grupo sofrem represálias diretas.
Tráfico de influência e subserviência
Outro ponto levantado pelo vereador foi o que ele chamou de "subserviência" do presidente da Câmara, Flávio Matos, ao prefeito Elinaldo. "O presidente da Câmara é subserviente ao prefeito Elinaldo. Já viu falar naqueles cachorrinhos que você bota o dedinho e ele aponta? É igual", afirmou Borges, sugerindo que Matos não age por conta própria, mas segue as ordens de Elinaldo sem questionar.
Ainda sobre violência, Borges relatou um episódio em que Flávio Matos teria partido para a agressão física por ter sido confrontado: “O senhor que quis agredir fisicamente o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais, na sala de reuniões da Câmara Municipal. O senhor não está pronto para assumir a prefeitura municipal”, declarou Borges. Segundo ele, a tentativa de agressão se deu após Matos ser chamado de subserviente, por obedecer ordens diretas de Elinaldo em relação a assuntos da Câmara de Vereadores, que deveria ser um órgão autônomo.
Borges foi mais longe ao acusar Flávio Matos de ser o responsável por cancelar o concurso público da Câmara Municipal. "O senhor é um irresponsável, inconsequente", disparou, acrescentando que Matos não está preparado para governar Camaçari. "Não há possibilidade alguma de o senhor ser prefeito de uma cidade tão importante como é Camaçari. Não está preparado. O senhor é capacho do prefeito"
Perseguição política e assédio moral
As denúncias de Borges não se limitaram a Flávio Matos. O vereador também relatou casos de perseguição política a servidores que demonstraram apoio ao candidato Luiz Caetano. "Que maldade fizeram com o gari. Demitiram o menino, porque o gari declarou apoio a Caetano, fez um vídeo em uma das caminhadas de Caetano, eles viram e demitiram o gari. Isso é um absurdo. Todo mundo está sofrendo assédio moral na prefeitura de Camaçari", afirmou, sem expor a identidade do jovem, destacando que a administração de Elinaldo está promovendo assédio moral contra funcionários comissionados.
Ele ainda relatou que todos os servidores comissionados foram obrigados a participar de atos políticos da campanha de Flávio Matos, referindo-se a ele como “fantoche do prefeito Elinaldo”. Borges descreveu o ambiente como opressor, onde qualquer desvio de apoio é punido com demissões e retaliações. "Vocês estão sendo usados. Saiam disso ligeiro", alertou.
Ameaça de morte
Em um dos momentos mais tensos da entrevista, Junior Borges revelou que foi ameaçado de morte após romper com o grupo de Elinaldo. Segundo ele, um dos operadores do prefeito o ameaçou, dizendo que iria "dar um tiro na cabeça" de Borges. "As gravações que eu tenho no meu celular já estão na mão do secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner", assegurou, mencionando também ameaças contra seu filho.
Compra de votos
Outra grave denúncia feita por Borges foi a acusação de compra de votos durante a campanha eleitoral. De acordo com o vereador, apoiadores seus foram subornados com dinheiro e até mesmo cestas básicas para que votassem em outros candidatos.”Outra coisa: eu perdi uma eleição, mas eu sei e eles sabem porque eu perdi. Eles compraram apoiadores meus lá na região da orla. E não só na orla. Até cesta básica deram, para tirar os votos e passar para outro”, revelou Borges. "Eu descobri tudo", afirmou, destacando que essa prática foi amplamente utilizada em diversas regiões, como na orla e no Parque Verde. De acordo com o vereador, existem provas da tentativa de compra de votos, que é crime.
Oito anos de maus tratos e humilhações
Ao concluir suas declarações, Junior Borges fez um balanço dos oito anos de governo de Elinaldo, descrevendo o período como marcado por maus tratos, humilhação e descaso com a população. “A saúde em Camaçari é um caos, e ainda têm coragem de dizer que a saúde funciona", criticou, reforçando que as necessidades básicas da população, como saúde e educação, foram ignoradas durante o governo atual.
Para Borges, a falta de respeito por parte de Elinaldo não se limitou aos seus aliados políticos mais próximos, mas se estendeu até os cidadãos comuns. “Se eu, que era dito ‘da cozinha’, sofri tanta humilhação, imagine o povo, que não tem acesso”, desabafou.
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