Pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro em rede nacional (Foto: Reprodução)
Presidente afirmou que incêndios não podem gerar sanções internacionais e atribuiu o aumento das queimadas ao clima seco
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta sexta-feira (23) que os incêndios florestais, como as queimadas que atingem a região amazônica, acontecem em todo o mundo e não podem "servir de pretexto para sanções internacionais". A posição foi dita durante pronunciamento do presidente em rede nacional (assista abaixo), uma resposta às críticas que o governo vem sofrendo em relação às políticas públicas desenvolvidas na Amazônia Legal.
Milhares de brasileiros protestaram com panelaços em várias cidades do Brasil após o pronunciamento. Em sua fala, o presidente também atribuiu o aumento das queimadas ao clima seco. Enquanto isso, brasileiros e alguns baianos batiam panelas e pediam sua saída. Nas redes sociais, internautas compartilharam vídeos de panelaços nos bairros da Pituba, Rio Vermelho, Federação, entre outros bairros. A hashtag #panelaço ainda é o assunto mais comentado do Twitter.
Segundo o próprio governo, o pronunciamento fora gravado para anunciar medidas para combater as queimadas. No texto lido pelo presidente, entretanto, não houve menção concreta às providências que serão tomadas.
Na gravação, Bolsonaro afirmou que "para proteger a Amazônia não bastam apenas operações de fiscalização", e que é necessário estabelecer "oportunidades" para as pessoas que vivem na região. O presidente já reiterou, em diversos momentos, que é favorável à legalização do garimpo e que o governo estuda uma forma de permitir esse tipo de exploração no bioma.
"É nesse sentido que trabalham todos os órgãos do governo. Somos um governo de tolerância zero com a criminalidade, e na área ambiental não será diferente. Por essa razão, oferecemos ajuda a todos os estados da Amazônia Legal. Com relação àqueles que a aceitarem, autorizarei operação de garantia da lei e da ordem", disse Bolsonaro na gravação.
Diferentemente do que vinha fazendo em entrevistas à imprensa, o presidente não apontou culpados pelos incêndios durante a transmissão. Em outros momentos, ele já afirmou - sem apresentar provas ou indícios - que suspeitava que ONGs eram responsáveis pelas queimadas.
O presidente declarou que o clima quente seco tem propiciado o aumento no número de focos de incêndio. "Nos anos mais chuvosos, as queimadas são menos intensas. Em anos mais quentes, como neste, 2019, elas ocorrem com maior frequência. De todo modo, mesmo que as queimadas deste ano não estejam fora da média dos últimos 15 anos, não estamos satisfeitos com o que estamos assistindo", afirmou.
Sem citar nomes, Bolsonaro afirmou que "dados e mensagens infundadas" sobre a Amazônia têm sido espalhados dentro e fora do país. A citação pode ter sido uma referência a Emmanuel Macron, que ontem, em sua primeira publicação sobre o caso, usou uma foto da década de 1990.
"Espalhar dados e mensagens infundadas dentro ou fora do Brasil não contribui para resolver o problema. E se prestam apenas ao uso político e à desinformação", afirmou hoje o presidente na gravação.
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