A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (2) no Rio de Janeiro a Operação Armadeira, que tem como alvos auditores da Receita Federal suspeitos de extorquir dinheiro de investigados da Lava Jato.
O principal alvo é Marco Aurélio da Silva Canal, supervisor nacional da Equipe Especial de Programação da Lava Jato. Ele e outros 11 suspeitos foram presos. Essa equipe tem como função aplicar multas aos acusados por sonegação fiscal.
Silva Canal não atuava nas investigações, mas nas autuações contra os alvos após as operações. Ele foi citado pelo ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), como o responsável pela produção de dossiês contra ele e sua mulher. Isso, porém, não faz parte da investigação em curso.
"Marco Aurélio Canal é detentor de cargo com acesso a informações sensíveis e relevantes acerca das investigações da Operação Lava Jato e detém conhecimento amplo de como funcionam os órgãos de controle do Estado, ocupando relevante papel no âmbito da Organização Criminosa", afirma o Ministério Público Federal.
"Os procuradores da República destacam no pedido de prisão que a atuação de Marco Aurélio Canal não tem qualquer relação com os trabalhos da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro, apesar de indevidas insinuações publicadas na imprensa a este respeito."
"Conforme comprova a cronologia dos fatos apresentada no pedido do MPF, o citado auditor-fiscal era alvo das investigações e de quebras judiciais promovidas pelo órgão meses antes de vir a público qualquer rumor a respeito de sua atuação ilícita contra investigados da Lava Jato e autoridades citadas em supostos dossiês", completa a Procuradoria.
O juiz Marcelo Bretas expediu nove mandados de prisão preventiva, cinco de prisões temporárias e 39 de busca e apreensão. São seis auditores fiscais envolvidos, além de contadores, empresários e parentes destes.
A apuração sobre a extorsão começou quando o grupo abordou o delator Ricardo Siqueira Rodrigues, acusado de atuar na fraude a fundos de pensões. Bretas autorizou uma ação controlada que viabilizou o pagamento da propina, permitindo identificar detalhes do esquema dos suspeitos.
Também foi alvo de extorsão Lélis Teixeira, ex-presidente da Rio Ônibus, preso na Operação Ponto Final que se tornou delator.
"Veja que se trata de investigados que, a despeito de todo trabalho reconhecidamente profícuo da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Justiça Federal do Brasil na apuração e no processamento de tantos escândalos de corrupção, aparentemente continuam praticando atos criminosos nos dias atuais e, pior, atuando no rastro das investigações que estão sendo realizadas para dar prosseguimento a saga criminosa a que estariam acostumados", afirmou Bretas na decisão em que determina as prisões.
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