A prisão temporária de Ederlan Mariano, suspeito de ser o mandante do assassinato da esposa e cantora gospel Sara Mariano, foi prorrogada por mais 30 dias pela Justiça. A confirmação foi feita pelo delegado Euvaldo Costa, que investiga o caso.
A morte da cantora gospel Sara Mariano completou um mês nesta sexta-feira (24). Em poucos dias, o caso passou de desaparecimento para um assassinato planejado e executado de forma fria e violenta. Uma história que chocou o Brasil e ganhou repercussão nas redes sociais.
A vítima desapareceu no dia 24 de outubro. Na época, o marido da cantora, Ederlan Mariano, registrou um boletim de ocorrência, afirmando para a polícia que ela havia deixado a casa da família, no bairro de Valéria, em Salvador, para participar de um encontro de mulheres em uma igreja de Dias d'Ávila. Além da imprensa, ele usou as redes sociais para pedir ajuda na busca.
Três dias depois, em 27 de outubro, o corpo de Sara Mariano foi encontrado parcialmente queimado em uma área de mata, às margens da BA-093, na cidade para onde ela iria. Ederlan foi o responsável pelo reconhecimento do corpo, antes mesmo da confirmação oficial.
A polícia confrontou a versão do evento para onde Sara iria dada pelo marido com a de um líder religioso ligado à vítima. Com o decorrer das investigações, informações deram conta da fragilidade no casamento. Em um áudio, a cantora chegou a declarar que pensava em se separar do marido por conta de seus comportamentos. Versão que era confirmada pela família dela.
Na madrugada de 28 de outubro, Ederlan foi preso pelo crime. Segundo a polícia, o evangélico teria confessado ser mandante do assassinado da cantora gospel. A defesa nega, porém ele teve a prisão mantida pela Justiça em audiência de custódia. A previsão é de que o suspeito siga assim por mais 30 dias.
Depois de Ederlan, outros 3 envolvidos foram presos. São eles: Weslen Pablo Correia de Jesus, que é conhecido como Bispo Zadoque, Gideão Duarte e Victor Gabriel de Oliveira. Eles teriam dividido R$ 2 mil pelo crime, pagos por Ederlan.
Um quinto homem citado na acareação do trio também teria recebido parte desse dinheiro. Os suspeitos alegam que ele sabia do crime. No entanto, o homem nega.
Segundo relato contido na acareação dos suspeitos de executar o crime, o homem recebeu R$ 200 como "cortesia", de Zadoque, que foi responsável pela divisão do dinheiro. Os outros R$ 1.800 foram divididos entre eles da seguinte forma:
R$ 900: valor recebido por Weslen Pablo Correia de Jesus, conhecido como Bispo Zadoque, executor da vítima e responsável pela ocultação do cadáver.
R$ 500: valor recebido por Victor Gabriel de Oliveira, que segurou Sara para que Weslen Pablo, o Bispo Zadoque, a matasse. Também participou da ocultação do cadáver.
R$ 400: valor recebido por Gideão Duarte pelo transporte de Sara para encontro dos executores, e dos mesmos para a casa de Ederlan após o crime. Ele ainda retornaria ao local com os executores para a queima do corpo de Sara.
Relato do crime
Weslen Pablo Correia de Jesus, o Bispo Zadoque - executor do crime
Ao lado de Victor Gabriel de Oliveira e Gideão Duarte, participou do planejamento, da execução e da ocultação do cadáver de Sara Mariano.
Disse ter usado gasolina para incendiar o corpo da cantora.
Detalhou a divisão do dinheiro entregue por Ederlan para o crime.
Disse que Ederlan prometeu novos pagamentos quando o dinheiro que Sara teria guardado em casa fosse localizado. Os valores estariam entre R$ 10 mil e R$ 15 mil.
Victor Gabriel de Oliveira - ajudou na execução
Pediu desculpas por ter mentido no primeiro depoimento e admitiu participação no crime.
Disse que o crime foi planejado em setembro, um mês antes da execução.
Afirmou que Gideão simulou uma pane no veículo para entregar Sara aos executores.
Segurou Sara para que Weslen (Bispo Zadoque) a esfaqueasse.
Afirmou que após o crime seguiu com os demais suspeitos para a casa de Ederlan, onde entregaram o celular de Sara para o mandante.
Disse que acompanhou Weslen, e levados por Gideão, retornaram ao local do crime no dia seguinte para ocultar o cadáver, após Ederlan mostrar preocupação com a repercussão do desaparecimento da cantora gospel.
Gideão Duarte - motorista que conduziu Sara e os executores para o crime
Disse ter tomado conhecimento do plano apenas no dia do crime.
Foi chamado por Weslen, o Bispo Zadoque, e recebeu R$ 400.
Deixou Victor e Weslen no local combinado e em seguida fez o mesmo com Sara.
Para parar no local com a cantora gospel, simulou que o carro passava por um pane.
Disse ter ficado no carro enquanto Weslen e Victor mataram Sara.
Levou os executores de volta para a casa de Ederlan, onde eles entregaram o celular da vítima.
Em seguida, levou os dois para Rodoviária e pegaram o cantor Davi Oliveira.
O destino do grupo era Camaçari, mas no trajeto, Weslen pediu para voltar ao local do crime.
Após o desvio, o trio foi deixado no condomínio Algarobas, em Camaçari, e seguiu para casa, onde foi devolver o carro que dirigia, e que era emprestado.
Afirmou ainda que no dia seguinte ao crime, pela noite, retornou com Weslen e Victor ao local para retirar o corpo, ou caso não fosse possível, atear fogo, o que foi feito.
Os quatro suspeitos estão presos no mesmo lugar: Centro de Observação Penal (COP), no Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador. Não se sabe, no entanto, se chegam a dividir cela.
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