PM informou que os agentes envolvidos foram afastados das funções na rua e trabalharão administrativamente (Foto: Reprodução)
Nailson Santos da Silva alega estar com medo após registrar o caso; policiais envolvidos no caso foram afastados das funções
O pedreiro Nailson Santos da Silva, de 30 anos, que denunciou policiais militares por agressão e abordagem abusiva durante uma ação no dia 6 agosto, em Feira de Santana, a 100km de Salvador deixou a casa que mora com a família por medo. O caso aconteceu dentro do imóvel.
O caso foi registrado na Polícia Civil e e também na Corregedoria da Polícia Militar. Na quinta-feira (10), a PM informou que os agentes envolvidos foram afastados das funções na rua e trabalharão administrativamente.
Nas imagens, que viralizaram na web, é possível ver o momento em que um homem fala com três policiais sobre a forma que eles invadiram a residência dele, localizada no bairro Viveiros. O policial grita com o morador: "Você viu a viatura e saiu correndo".
O homem nega e diz que os policiais estão desrespeitando a Constituição Federal. Ele acrescenta que estava buscando o celular dos filhos e por isso, entrou no imóvel. Os filhos do casal estão sentados no sofá durante toda a conversa.
Em determinado momento, o homem explica que estuda para um concurso da PM e tem ciência das leis. Os policiais insistem que ele saia do imóvel e o puxam. Ele tem a camisa rasgada pelos policiais.
Ao g1 Bahia, o pedreiro explicou o que aconteceu e deu mais detalhes da agressão.
“O meu ajudante trabalhou no sábado, na minha residência. No domingo de manhã, ele voltou à minha residência para procurar o celular, e então eu liguei do meu celular para o número dele, para ver se encontrava. Nesse momento que eu adentrei na minha residência, eu não vi a viatura, não tinha noção que tinha polícia patrulhando bairro".
A justificativa dos policiais é de que eles estavam fazendo uma ronda, e que Nailson teria corrido da viatura. A informação é negada pelo pedreiro. Os militares revistaram o ajudante dele e depois entraram no imóvel, sem mandado judicial, para abordar o trabalhador.
"Eles já tinham abordado meu ajudante. Quando eu saí, achando que eles estavam do lado de fora, eles já estavam dentro do recinto da minha casa, os três, armados. Começaram a levantar minha roupa, e eu falei: ‘você não pode entrar, a minha casa é asilo inviolável, a Constituição me garante isso".
"Ele falou: ‘você está falando o que, playboy? Está falando porcaria, está falando merda aí’. Eu falei: ‘o senhor acha que a Constituição é uma porcaria? ’".
A menção feita por Nailson se refere ao artigo 5°, que destaca expressamente que "a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador".
"Quando o de estatura mais alta puxou a minha camisa e rasgou, minha filha começou a chorar. Eu fui ameaçado, o policial de baixa estatura, que estava com fuzil, me tirou da frente da câmera que minha esposa estava gravando e disse assim: ‘dê uma queixa e amanhã você vai ver o que acontece’, e me golpeou com fuzil, só que o fuzil estava voltado para cima", contou o pedreiro.
Nota da Polícia Militar na íntegra
"O Comandante da 65ª Companhia Independente de Policia Militar, ao tomar conhecimento do vídeo que circula nas redes sociais, onde aparece uma Guarnição, pertencentes aos quadros desta Unidade, e um cidadão desta cidade, sendo filmado pela esposa deste, de imediato determinou a instauração de feitos investigatórios para apurar o ocorrido!
Os fatos serão apurados sob as luzes dos dispositivos legais norteadores correcionais, vigentes na Instituição. Para efeito de preservar a Instituição e os Policiais Militares envolvidos, os mesmos foram afastados e responderão a escala administrativa até finda as apurações!" .
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