Os campos estão localizados nos municípios de Catu, Alagoinhas e Pojuca (Foto: Iracema Chequer l Ag. A TARDE)
Dois polos de produção de petróleo, com sete e nove campos cada um, foram selecionados pela Petrobras para a venda, na Bahia, para produtores independentes, na primeira operação do tipo a ser feita diretamente pela empresa no país. Trata-se dos polos de Buracica, situado na região dos municípios de Catu e Alagoinhas, e Miranga, na região de Pojuca - ambos no Recôncavo baiano. Em todo o país, serão vendidos dez polos, envolvendo um total de 98 concessões de produção, além de seis blocos exploratórios, somando 104 concessões terrestres.
No total, os dez polos a serem vendidos pela Petrobrás em cinco estados (além da Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe e Espírito Santo) produzem, aproximadamente, 35 mil barris/dia. A produção de óleo estimada pela Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (Abpip) para os dois polos baianos é de cerca de 10 mil barris por dia.
"O bom é que foram selecionados campos que, embora antigos, ainda representam uma boa margem de produção, inclusive de gás natural, como é o caso de Miranga", diz o secretário-executivo da Abpip, Anabal Santos Jr. "Não são os mais produtivos, mas também não se trata de nenhum fundo de tacho ou só o osso", acrescentou.
Edital
Os produtores independentes focam agora as atenções nos detalhes do edital de licitação, ainda a ser lançado pela estatal. "Queremos saber maiores detalhes, como se as empresas podem formar consórcio para participar, quais as condições de compra do petróleo pela Petrobras, preço mínimo, etc.", frisa Anabal Jr.
Já o geólogo Antônio Rivas, que foi dirigente da Petrobras na Bahia e atualmente é um dos pequenos acionistas da empresa, teme que as empresas privadas acabem não investindo tanto nos campos, apenas produzindo e vendendo, com desemprego de terceirizados, "até mesmo por conta dos baixos preços do petróleo no mercado internacional", como frisa Rivas.
"Alega-se que a Petrobras deve vender os campos que ela já não está investindo tanto, mas há risco de a empresa apenas perder patrimônio para as empresas privadas que podem acabar também não investindo tanto, diante do desempenho do petróleo na conjuntura global, sem gerar, portanto, resultados para a economia local mais significativos que os que a Petrobras já apresenta hoje", explica, concluindo: ""Pode ser que estejamos apenas trocando seis por meia dúzia, com o agravante de que as empresas privadas podem demitir em escala maior".
Entenda a venda dos campos de petróleo
Antes, a Petrobras devolvia para a gestão da Agência Nacional do Petróleo (ANP) apenas os pequenos campos marginais que não representavam mais viabilidade econômica para a companhia.
Desde 2005, entretanto, a ANP passou a fazer concessão da exploração dos campos maduros para produtores independentes, em leilões batizados no mercado de “rodadinhas”. Na Bahia, os campos de Morro do Barro, Bom Lugar e Araçás Leste são hoje geridos por empresas privadas por conta das “rodadinhas”.
Com o advento do alto potencial de exploração da camada pré-sal no mar, os campos terrestres já explorados durante anos, inclusive os maiores, passaram a não ser mais foco de grande interesse para a Petrobras, que agora vai promover a venda direta para a iniciativa privada dos conjuntos de “poços maduros”, como parte da estratégia de desinvestimento e venda de ativos da empresa.
Desde o anúncio da venda dos campos, no final do ano passado, havia uma expectativa dos produtores independentes que atuam na Bahia sobre quais seriam escolhidos, dentro os cerca de 80 existentes no estado.
A Petrobras vai continuar operando nos demais campos.
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