A rede portuguesa Pestana confirmou que vai fechar o hotel do Rio Vermelho para reformas daqui a 45 dias, no dia 1º de março. A empresa, que administra 87 unidades em 15 países, não especificou o valor da reforma, o que será reformado e nem mesmo quando o hotel será reaberto.
O fechamento da unidade após o Carnaval foi antecipado pela coluna Farol Econômico, no dia 21 de dezembro. O primeiro cinco estrelas de Salvador e ainda hoje o maior hotel da cidade passa por uma série de dificuldades, que culminaram no fechamento de metade dos andares de apartamentos e mais de 120 demissões entre julho e dezembro, conforme noticiado pelo CORREIO.
Em 2015, a ocupação média foi de 47%, abaixo de 60% – considerado o mínimo necessário para um empreendimento hoteleiro pagar todas as contas. Em outubro, a ocupação chegou ao menor patamar no ano, de 30%, de acordo com levantamento realizado pela Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (Febha). A situação enfrentada pelo Pestana alimenta a suspeita de um encerramento definitivo das atividades no local, que circula em conversas informais entre representantes do turismo.
O presidente da Febha, Silvio Pessoa, ressalta que o fechamento definitivo seria uma grande perda. “Seriam muitos postos de trabalho perdidos. Salvador perderia um hotel icônico”, afirma. Ele lembra que o equipamento passou por uma reforma em 2001, que poderia ter sido melhor aproveitada. “Elevadores e banheiros não foram contemplados”, enumera. Pessoa explica que o Pestana passa por dificuldades, assim como os outros hotéis da região. Segundo ele, 18,6 mil dos 40 mil leitos de hotéis na capital ficaram ociosos em 2015.
O presidente da Salvador Destination, Paulo Gaudenzi, acredita que a rede hoteleira deveria especificar melhor o processo de reformas. “Eles precisam dar uma satisfação para o mercado e para a sociedade do que vai ser, quanto vai custar, etc”, diz.
Para os empresários do setor, o caminho para a recuperação da hotelaria de Salvador passa pela reabertura do Centro de Convenções da Bahia, fechado para reformas pelo governo do estado em junho do ano passado. Sem o equipamento, a captação de eventos de grande porte – que ajudam a manter a ocupação na baixa estação – fica comprometida.
Cenário
Ontem haviam poucos funcionários à vista no hotel e a movimentação de hóspedes era baixa. O salão de beleza fechou, mas duas lojas no térreo ainda funcionam.
O secretário de Turismo do estado, Nelson Pelegrino, contou que conversou com a diretoria do Grupo Pestana, em viagem recente a Lisboa. “Eles disseram que estavam preocupados com a situação e que estudam soluções para o hotel, que talvez até se convertesse em aparthotel”, contou. “Fechar definitivamente é inaceitável”, pondera.
“Em caso extremo, a gente pode desapropriar para fazer outro grupo assumir”, avisa. Ele acredita que o Pestana chegou a essa situação porque não houve investimento na qualidade do equipamento. “Ficou em péssimas condições”, reconhece.
O secretário municipal de Cultura e Turismo, Érico Mendonça, disse que aguarda uma informação oficial do grupo Pestana para se posicionar.
Em comunicado oficial, o Pestana informou que vai operar normalmente até o dia 29 de fevereiro. “O Pestana Hotel Group continuará a operar em Salvador, encaminhando as solicitações de seus clientes para as outras unidades que mantém em funcionamento neste destino, caso do Pestana Bahia Lodge [que funciona como aparthotel], localizado igualmente no Rio Vermelho”. No site do Pestana, as reservas só podem ser feitas até o dia 27 de fevereiro.
Com 40 anos de história, Pestana vai do luxo ao declínio
Conhecido por ser o primeiro hotel cinco estrelas da Bahia, o Hotel Pestana, que passou por momentos de glória entre os anos 70 e 90, hoje tem 12 dos 23 andares desativados. O equipamento, que entrará em reformas e funciona até 29 de fevereiro, garante que 310 dos 433 apartamentos estão operando normalmente.
O empreendimento foi inaugurado como Le Méridien, em 1974. Até a década de 90 foi considerado o melhor e mais tradicional hotel da Bahia. Em 15 de maio de 2000, entretanto, fechou por conta de uma dívida estimada em R$ 1,2 bilhão da empresa administradora, Sisal Bahia Hotéis Turismo, com o Banco do Brasil (BB), de acordo com notícias publicadas na época.
Já no dia 15 de novembro de 2001, o grupo Pestana, que comprou o prédio do BB por R$ 17 milhões e gastou mais R$ 20 milhões para reformá-lo, reinaugurou o estabelecimento com o nome de Carlton Bahia. Nessa época, o atual Hotel Pestana já tinha 433 apartamentos.
Em 2015, devido à crise no setor hoteleiro, o Pestana Salvador demitiu cerca de 150 funcionários.
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