Em Brasília, ex-ministro Sergio Moro se filia ao Podemos e abre caminho para sua pré-candidatura à Presidência em 2022 (Foto: Reprodução)
O ex-ministro Sergio Moro, que esteve à frente como juiz na Operação Lava-Jato, se filiou nesta quarta-feira ao Podemos. O evento, que acontece no Centro de Convenção Ulysses Guimarães, em Brasília, abre caminho para sua pré-candidatura a presidente. Com rejeição de bolsonaristas e lulistas, Moro é uma das apostas do centro-direita como uma opção de terceira via na disputa hoje polarizada entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula (PT).
Moro subiu ao palco às 10h40. Antes, foi exibido um vídeo em que o ex-juiz aparece caminhando diante do Palácio do Planalto. O ingresso do ex-juiz no partido contraria declarações de Moro, que diversas vezes disse que não entraria na política.
Moro iniciou seu discurso citando as críticas que recebe por sua voz. Ele justificou que "não é político" e que "não está acostumado a discursos".
O Brasil não precisa de líderes que tenham voz bonita. O Brasil precisa de líderes que ouçam e atendam a voz do povo brasileiro – disse Moro, que passou por uma acompanhamento com um fonoaudiólogo para melhor sua dicção.
O ex-juiz fez a defesa de sua atuação na Operação Lava- Jato e, sem citar o presidente Jair Bolsonaro, falou de sua atuação no governo.
Eu sempre fui considerado um juiz firme e fiz justiça na forma da Lei. Na época, todos diziam que era impossível fazer isso, mas nós fizemos. Claro, com grande apoio da população brasileira. Juntos, eu, você, nós, mostramos que a Lei se aplica a todos. Em 2018, recebi um convite do presidente eleito para ser ministro da Justiça. Como todo bom brasileiro, eu tinha, em 2018, esperança por dias melhores. Como todo brasileiro, eu pensava no que havíamos presenciado nos últimos anos: os grandes casos de corrupção sendo revelados dia após dia, os pixulecos, as contas na Suíça e milhões de reais ou dólares roubados — disse.
O ex-ministro justificou que tinha o "dever de ajudar".
Era um momento que exigia mudança. Eu, como juiz da Lava-Jato me sentia no dever de ajudar. Havia pelo menos uma chance de dar certo e eu não podia me omitir: aceitei o convite e ingressei no governo. O meu objetivo era melhorar a vida das pessoas por meio de um trabalho técnico, principalmente, reduzindo a corrupção e outros crime — continuou.
Moro justificou que deixou o governo porque foi boicotado.
O meu desejo era continuar atuando, como ministro, em favor dos brasileiros. Infelizmente, não pude prosseguir no governo. Quando aceitei o cargo, não o fiz por poder ou prestígio. Eu acreditava em uma missão. Queria combater a corrupção, mas, para isso, eu precisava do apoio do governo e esse apoio me foi negado. Quando vi meu trabalho boicotado e quando foi quebrada a promessa de que o governo combateria a corrupção, sem proteger quem quer que seja, continuar como ministro seria apenas uma farsa. Nunca renunciarei aos meus princípios e ao compromisso com o povo brasileiro. Nenhum cargo vale a sua alma.
Com o slogan "Por Um Brasil Justo Para Todos" , Moro quer usar o evento para começar a trabalhar a imagem de que está preparado para atuar além do combate à corrupção, que lhe deu fama. O auditório do Centro de Convenção foi decorado com faixas que destacam pautas como "segurança", "educação", "saúde", "trabalho", "sustentabilidade" e "comida no prato".
A cerimônia de filiação tem a presença de ex-bolsonaristas como os deputados Joice Hasselman (PSL-SP), Kim Kataguiri (DEM-SP) e Luís Miranda (DEM-DF); general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo, e o empresário Paulo Marinho, cuja casa no Rio de Janeiro serviu em 2018 como "QG" da campanha de Bolsonaro.
O governador de São Paulo, João Doria, que disputa as prévias do PSDB, foi convidado para participar do evento. Na segunda-feira, porém, em telefonema a Moro, ele comunicou que não poderia estar presente porque tinha agenda marcada com empresários da Fórmula-1.
O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), também pré-candidato à Presidência, compareceu ao evento. Nos bastidores, os presidenciáveis do centro-direita conversam sobre uma possibilidade de uma composição para a disputa eleitoral.
O senador Álvaro Dias (Podemos-PR), entusiasta da candidatura Moro, disse que o ex-juiz na política vai "institucionalizar" a Operação Lava Jato. O parlamentar afirmou que Moro está pronto para "combater" contra extrema-direita e extrema-esquerda.
Sergio Moro presidente, o Brasil de volta — disse em tom de lançamento.
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