Jair Bolsonaro, passeando de jet ski no Lago Paranoá (Foto: Divulgação)
Inferno.
Antes de continuar a leitura, pare um pouco, por favor, e pense nisso: o que significa inferno para você?
Pensou?
Pois bem... Aliás, bem não. Mal. Péssimo.
Nesta segunda-feira (02) o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (sem partido) disse que a vida dele "é um inferno". No vídeo, publicado no YouTube pelo canal bolsonarista Foco do Brasil, o presidente aparece conversando e tirando 'selfies' com apoiadores civis, sem máscara.
A frase foi dita como resposta a uma mulher que pediu para tomar um café com o presidente. "Eu não sei o que eu vou fazer amanhã. Vou ver minha agenda de amanhã. Eu não sei. A minha vida é um inferno”, respondeu Bolsonaro.
Logo em seguida, o grupo começa a orar um Pai Nosso e ele, que tem forte apoio entre os evangélicos, não faz nenhum gesto de aceitação à oração: não abaixa a cabeça, não fecha os olhos, não ora junto - gestos comuns aos cristãos. Bolsonaro, na verdade, ignora a oração e o vídeo é cortado logo em seguida. Dessa parte, se você for uma pessoa de fé, tire suas próprias conclusões.
Não é a primeira vez que Bolsonaro reclama da vida de presidente. Nos últimos meses, foram pelo menos três queixas públicas de como sua vida seria "uma desgraça", como ele não poderia "nem tomar um caldo de cana na rua" e como teria "problema o tempo todo".
No mesmo dia em que Bolsonaro declarou que sua vida é um inferno, uma mãe teve sua vida dilacerada, no Rio de Janeiro, ao presenciar sua filha de apenas 05 anos ser baleada e morta enquanto brincava com o irmão na porta de casa. O tiro foi disparado por policiais. Mais uma criança morta pela polícia do Rio de Janeiro: foi a quarta, só em 2021.
No mesmo dia, mais 1.210 pessoas morreram no Brasil por Covid-19. Outras 1.000 e tantas no dia anterior; outras mais de 1.000 um dia antes... Foi 13º dia consecutivo com mais de 1.000 mortes por covid-19, no país da cloroquina.
Um mês antes, o IBGE divulgou resultados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD) revelando que o número de desempregados no Brasil é o mais alto desde 2012: 14 milhões de pessoas.
Na mesma pesquisa, o IBGE também demonstrou que o número de pessoas literalmente passando fome do país é igualmente assombroso e supera os índices dos governos Lula e Dilma: mais de 10 milhões. Outros 39,9 milhões vivem em situação de miséria, sobrevivendo com R$ 89 por mês, ou menos.
No meio do seu inferno particular, Bolsonaro teve tempo e disposição para tirar emblemáticos 17 dias de férias durante os quais passeou por praias de Santa Catarina e São Paulo e promoveu aglomerações, como se não houvesse pandemia e depois afirmar que o Brasil está quebrado e ele não poderia fazer nada, como se não fosse o presidente.
Agora, voltemos à pergunta do início do texto: o que é inferno para você?
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