Procurador-Geral da República, o baiano Augusto Aras (Foto: Reprodução)
A força-tarefa da Lava-Jato prepara inúmeras “ofensivas” com o intuito de enfraquecer e desgastar o Procurador-Geral da República, o baiano Augusto Aras.
Nas últimas semanas a temperatura nos bastidores do MPF aumentou significativamente a partir das medidas adotadas por Aras no sentido de tornar acessível a todo o MPF os dados que as forças-tarefas de Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro reuniram durante as inúmeras investigações que conduziram.
A quantidade de informações concentrada nas mãos exclusivas de alguns membros do MPF são estarrecedoras. Pelos dados veiculados na imprensa na última semana, mais de 38 mil pessoas no Brasil foram intensamente investigadas por membros das forças-tarefas e seus dados continuam à disposição de grupos específicos de Procuradores, sem nenhum tipo de controle ou fiscalização institucional. "Ninguém sabe como foram escolhidos", afirmou Aras.
O PGR Augusto Aras, sofreu duras críticas públicas lançadas pelos lava-jatistas, impulsionadas pela insatisfação com a decisão do STF que determinou o compartilhamento de todos os dados que detinham com a PGR e o restante do MPF. Aras, por sua vez, também subiu o tom de suas declarações. Em resumo ressaltou que as forças-tarefas possuem tanto pretensões quanto preferências políticas e político-partidárias e que os dados em seu poder eram usados para ameaçar e chantagear aqueles que contrariam seus interesses e projeto de poder.
Em live de que participou na última semana, Aras revelou que só a força-tarefa do Paraná possui algo em torno de 350 terabytes armazenados de dados de informação, sendo que a PGR, órgão da qual aquela faz parte, possui apenas 40 terabytes. A força-tarefa do Rio de Janeiro, sozinha, possui outros 60 terabytes - também ultrapassando o total em poder da PGR.
Em um novo capítulo dessa disputa que continua aumentando a cada semana, a força tarefa da Lava-Jato do Rio de Janeiro decidiu aceitar uma delação que por anos foi rejeitada e considerada imprestável: a delação do ex-Presidente da Fecomércio do Rio de Janeiro, Orlando Diniz. Diniz que já foi preso e condenado teve nos últimos dias sua delação homologada com base em fatos idênticos que ensejaram a criticada delação do ex-Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.
A principal incoerência é que a delação de Cabral foi criticada e rejeitada pelo próprio MPF do Rio de Janeiro. Por ser considerada também inaceitável, acabou sendo assinada apenas com a Polícia Federal. A delação mirava diversos magistrados de Tribunais Superiores - STJ e TCU principalmente. Como à época da tentativa de delação do ex-Governador Sérgio Cabral a PGR e a Lava-Jato do RJ (MPF-RJ) estavam em sintonia, bem antes da atual guerra declarada, a delação do ex-Governador foi publicamente rejeitada por ambos. Passados cerca de dois anos, a deterioração da relação foi resultado da iniciativa de Aras de acabar com o monopólio dos dados nas mãos apenas da força-tarefa, e possibilitar o acesso a tais dados tanto pela PGR quanto pelo MPF. Em retaliação, a lava-jato Fluminense subitamente alterou sua percepção, antes absolutamente contrária à delação de Cabral e de Orlando Diniz (ambas baseadas em fatos praticamente idênticos).
Agora, diante do abalo da relação entre lava-jato e PGR, e após o STF arquivar praticamente todos os inquéritos nascidos da delação de Cabral, com manifestação no mesmo sentido da PGR, a lava-jato Fluminense resolveu retirar do armário a antes imprestável delação de Diniz e aprová-la às pressas. Fontes próximas da operação revelaram ao Jornal A Tarde que o intuito dos adversários de Aras é gerar constrangimento e tentar atacar figuras com as quais o PGR tem que conviver diariamente.
Os principais alvos desta investida são dois Ministros do STJ Humberto Martins e Napoleão Nunes Maia, além de cinco ministros do TCU. Investigando pessoas sem prerrogativa de foro, basicamente advogados, alguns com relação de parentesco, a lava-jato Fluminense busca criar um embaraço, ao driblar o recente arquivamento pelo STF da delação do ex-Governador Sérgio Cabral e, a partir dos mesmos fatos, atacar e atingir os magistrados dos Tribunais Superiores cujas condutas foram analisadas e validadas pelo STF. O objetivo além de constranger e investigar em via transversa seria, no caso, tumultuar e se possível envolver o boicote a posse do Ministro Humberto Martins como Presidente do STJ.
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