Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert)
Num vigoroso discurso diante de militantes do PT, de movimentos sociais e de esquerda diante da histórica sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, no ABC paulista, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou por ora defender o impeachment do presidente da República Jair Bolsonaro.
Lula fez duras críticas a Bolsonaro, mas disse que o PT não questiona o resultado da eleição de 2018, ainda que fake news tenham sido usadas contra o candidato petista Fernando Haddad.
O ex-presidente cobrou uma perícia nos áudios da portaria do condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro, para esclarecer o assassinato da vereadora Marielle Franco, do Psol.
O homem preso como assassino de Marielle, Ronnie Lessa, morava na mesma rua do então deputado federal Jair Bolsonaro. Lessa usava uma foto de Bolsonaro em seu perfil em uma rede social. Os filhos jovens de ambos namoraram. Porém, o presidente da República diz desconhecer o miliciano, que mantinha 117 fuzis novinhos em folha na casa de um amigo.
Lula trouxe para a frente do palco dois políticos aos quais fez várias menções durante seu discurso: o deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ) e o ex-prefeito Fernando Haddad.
Um sinal claro de que Lula pretende se engajar pessoalmente na campanha de Freixo a prefeito do Rio de Janeiro por uma frente de esquerda, em 2020.
Haddad pode ser o candidato do PT ao Planalto em 2022, embora Lula tenha dito que ele mesmo tem o desejo de “consertar” o rumo tomado por Bolsonaro.
Lula também explicitou a linha de ataque política ao clã — deu um pito em militantes que se referiram ao adversário com slogans abaixo da linha da cintura.
O ex-presidente lembrou que enquanto ele, Lula, trabalhava já aos 13 anos de idade, numa empresa metalúrgica, Bolsonaro nunca recebeu salário mínimo na vida e agora quer congelar o dos outros.
Além disso, argumentou Lula, como é que Bolsonaro, que se aposentou jovem, como tenente do Exército, tendo na reserva obtido a patente de capitão, cortou a aposentadoria dos mais velhos?
São argumentos de fácil entendimento e parecem voltados a recuperar o eleitorado de classe média baixa que Bolsonaro conquistou às custas do lulismo.
O poder da oratória do ex-presidente explica o frenesi que tomou conta das redes bolsonaristas, com pedidos urgentes de tramitação de emenda constitucional no Congresso que leve Lula de volta à cadeia.
As tentativas de associar Lula ao apresentador Luciano Huck, por conta do fretamento pelo PT do jatinho que levou o ex-presidente de Curitiba a São Paulo, mostram que o clã também considera Huck um adversário em potencial.
A TV Globo e outros setores da mídia vem promovendo uma falsa simetria entre Bolsonaro e Lula, que o ex-presidente tratou de atacar quando comparou biografias.
O objetivo da falsa simetria seria apresentar um candidato “de centro”, possivelmente o próprio Huck.
Lula atacou a Globo, mas não mencionou Huck pelo nome.
Em vez disso, falou que um grupo de bilionários — mencionou Jorge Paulo Lemann, sócio da Ambev — está tentando promover “nova política” no Brasil com gente que nunca visitou uma pafalita.
Uma referência enviesada à deputada Tabata Amaral, do PDT, que se elegeu como sendo de esquerda e votou a favor da reforma da Previdência neoliberal de Paulo Guedes e Jair Bolsonaro.
Tabata e outros deputados federais eleitos em 2018 passaram pela Fundação Estudar, bancada pelo bilionário.
Lemann é dono de uma fortuna estimada em U$ 30 bilhões e formou bancada que estaria em busca de uma “terceira via” no Brasil.
Tabata ainda não explicitou sua posição sobre a taxação de grandes fortunas.
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