A senadora Lídice da Mata afirmou que o impasse gerado vai prejudicar a camada vais vulnerável da população (Foto: Reprodução)
Políticos baianos criticaram o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) pelo fim da parceria do Brasil com Cuba pelo "Mais Médicos". Os estados de São Paulo e da Bahia têm o maior número de cubanos atuando pelo programa. A senadora Lídice da Mata (PSB-BA) afirmou que o impasse gerado vai prejudicar a camada vais vulnerável da população". A parlamentar foi autora do relatório que avaliou o programa na Comissão de Assuntos Sociais do Senado. Segundo ela, "prefeitos de diferentes correntes partidárias aprovaram o desempenho dos médicos vindos daquele País". De acordo com o relatório entregue por Lídice na CAS do Senado, em menos de três anos o programa foi responsável pela alocação de profissionais de saúde em regiões remotas do País, sobretudo no Nordeste.A socialista lembrou ainda que os cubanos atuaram em regiões de alta vulnerabilidade social e que os estrangeiros ocuparam as vagas que foram recusadas pelos profissionais do Brasil. O Mais Médicos chegou a 18,2 mil profissionais no auge do programa e, segundo pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais, 85% das pessoas atendidas avaliaram positivamente a iniciativa. “Numa escala de zero a dez, o programa obteve nota nove entre as pessoas que o utilizaram e/ou avaliaram”, explicou.
A deputada federal Alice Portugal classificou a decisão de cuba como um "triste dia" para a saúde brasileira. "Declarações intempestivas do presidente eleito, de caráter ideológico, raivoso, levam o Brasil a um impasse diplomático e a um enorme prejuízo à atenção básica à saúde dos mais pobres. Bolsonaro odeia o povo pobre!", disparou a comunista. "Em protesto contra ameaças do presidente eleito Jair Bolsonaro, Cuba decidiu abandonar o programa Mais Médicos. Nos cinco anos do programa, os 20 mil médicos cubanos atenderam mais de 113 milhões de pacientes; mais de 700 municípios tiveram um médico pela primeira vez na história", completou Alice.O deputado estadual Marcelino Galo (PT) também se manifestou. "Meu respeito, admiração e gratidão aos médicos (as) cubanos que não são escravos do dinheiro, mas da alma e da solidariedade. Esse governo nocivo ao bem estar social dos brasileiros, que oficialmente não foi empossado, nunca irá compreender o significado disso. Quem foi atendido (e muito bem, diga-se de passagem) por nossos irmãos cubanos, sim", escreveu nas redes sociais.
“Vamos ter uma situação gravíssima nos próximos anos”
A vereadora Marta Rodrigues também lamentou o corrido. Segundo ela, a saída de 11 mil médicos cubanos por conta da “intolerância e incapacidade de diálogo do presidente eleito” deixará um vácuo no atendimento à saúde em mais de três mil municípios brasileiros. Dados do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasemsm) mostram que pelo menos 24 milhões de brasileiros são atendidos nas áreas onde os cubanos atuam.
“Desde 2013, quando o programa foi instituído pela presidenta Dilma, mais de 113 milhões e 359 mil pacientes foram atendidos. Mais de 700 municípios tiveram pela primeira vez um médico, conforme informou o próprio Ministério de Saúde de Cuba. Agora, 24 milhões de brasileiros ficaram sem assistência”, explicou a vereadora petista. Para a edil, a saída desses médicos será um dos tantos retrocessos previstos no governo que se iniciará no dia 1º de janeiro. “Vamos ter uma situação gravíssima nos próximos anos. Além de 11 mil médicos a menos, teremos os investimentos em saúde congelados pelos próximos 20 anos por determinação do governo ilegítimo de Michel Temer. O cenário que se aproxima é tenebroso”, disse. A Secretaria de Saúde da Bahia afirmou que a "retirada antecipada de cubanos do Programa Mais Médicos é grave ameaça para municípios baianos". De acordo com o secretário Fábio Vilas-Boas, o programa vinha sendo extremamente relevante, sobretudo, para os moradores dos municípios distantes dos grandes centros, pela maior dificuldade de acesso aos serviços de saúde. “Além de possibilitar o acesso ao atendimento, o Mais Médicos vinha oferecendo atendimento de qualidade, mais humanizado à população”, ressalta.
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