Preso sábado (3), em Portugal, Raul Schmidt Felippe Júnior, apontado como operador de propinas pelo Ministério Público Federal (MPF), poderá fornecer mais informações sobre como o MDB atuava na diretoria de Internacional da Petrobrás. Segundo a Procuradoria, Schmidt é muito próximo do ex-diretor da estatal responsável pela área, Jorge Zelada. Preso desde julho de 2015, quando foi alvo da 15.ª fase da Lava Jato, a Conexão Mônaco, Zelada teria sido nomeado ao cargo com a anuência de parlamentares do MDB.
O suspeito era procurado em Portugal desde o fim de dezembro de 2017, quando seu processo de extradição para o Brasil foi concluído pela Justiça portuguesa. Schmidt chegou a ser preso em março de 2016 na 26.ª fase da Lava Jato, a Polimento, mas foi solto pela Justiça portuguesa. Ele mora em Portugal e tem cidadania do país europeu. Na Lava Jato, ele apareceu nas investigações após o principado de Mônaco enviar material aos procuradores de Curitiba com suas movimentações financeiras. O operador é apontado como beneficiário econômico da empresa Atlas Asset, offshore sediada no Panamá, cuja conta, a exemplo do que ocorreu com Zelada e com o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque, foi aberta no Julius Baer Bank.
Uma suposta preocupação com o avanço da Lava Jato sobre o ex-diretor Zelada e seus operadores chegou a ser citada na investigação do ex-senador petista Delcídio Amaral (PT). Na gravação feita por Bernardo Cerveró, filho do antecessor de Zelada na Petrobrás, Nestor Cerveró, o ex-senador chegou a afirmar que Temer teria conversado com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre o caso de Zelada. De acordo com a conversa gravada e entregue à Procuradoria-Geral da República, Delcídio disse que o então vice-presidente Michel Temer estava "muito preocupado com o Zelada".
"Segundo os documentos, Raul Schmidt seria um amigo de longa data de Jorge Zelada. Eles teriam possuído um apartamento em comum nos anos de 2012 e 2013 e Zelada teria posteriormente comprado a parte de seu amigo", diz o pedido de prisão do MPF contra o operador. De acordo com o MPF, Schmidt e Zelada ainda seriam sócios na empresa TVP Solar, sediada em Genebra, na Suíça.
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