Padilha sofreu uma obstrução urinária provocada por uma hiperplasia prostática benigna e precisou ficar 2 dias internado (Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)
Esse é o segundo afastamento de ministro do governo Michel Temer (PMDB) alegando motivos de saúde. Primeiro foi o ex-ministro de Relações Exteriores José Serra. Esse pediu o afastamento em definitivo e voltou ao Senado. Agora foi o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, que alegou uma cirurgia de próstata para pedir licença provisória.
Padilha foi citado nas delações premiadas de executivos da Odebrecht como um dos articuladores do pagamento de R$ 10 milhões de propina ao PMDB em 2014, que foram usados na campanha eleitoral.
O envolvimento de Padilha é confirmado também pelo advogado José Yunes que serviu de "mula" no sistema. De acordo com Yunes, Padilha entrou em contato para solicitar-lhe um favor em setembro de 2014, mês em que, segundo o delator da Odebrecht, parte da fatura dos 10 milhões de reais foi quitada. "Padilha me ligou falando: 'Yunes, olha, eu poderia pedir para que uma pessoa deixasse um documento em seu escritório? Depois, outra pessoa vai pegar'. Eu disse que podia, porque tenho uma relação de partido e convivência política com ele."
Na próxima semana o TSE ouvirá Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira, e Claudio Melo Filho, ex-vice-presidente da empresa, para saber se eles confirmam uma das informações prestadas aos procuradores da Operação Lava-Jato: que em 2014, depois de um pedido pessoal de Temer a Marcelo, a Odebrecht repassou 10 milhões de reais em dinheiro vivo, contabilizados em seu departamento de propina, a pessoas da confiança do então vice-presidente. Do total, de acordo com a delação, 6 milhões de reais irrigaram a campanha de Paulo Skaf ao governo de São Paulo. O pagamento do restante foi realizado "via Eliseu Padilha", hoje chefe da Casa Civil, e um dos endereços de entrega do dinheiro foi o escritório de advocacia de José Yunes, amigo de Temer há meio século e seu ex-assessor especial.
A delação, que faz parte da megadelação com 77 delações de executivos da Odebrecht, também ameaça o mandato do presidente Michel Temer, já que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu usar parte de seu conteúdo no processo que pode resultar na cassação da chapa Dilma-Temer.
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