Aécio é um dos parlamentares que defendem o encaminhamento do pedido de impeachment qualquer que seja o desfecho do julgamento no STF
Os partidos de oposição estão preparando a inclusão das novas revelações da Lava Jato no pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A informação foi dada pelo presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), ao chegar nesta sexta-feira (4) para reuniões na liderança do partido no Senado. Para ele, o país testemunhou um momento extremamente grave com o avanço da Operação Lava Jato sobre o ex-presidente Lula.
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi procurado pelos oposicionistas para instalar, imediatamente, a comissão que analisará o impeachment. Mas, em entrevista ao jornal Valor Econômico, afirmou que não cogita criar a comissão antes de o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir sobre o rito do processo.
Aécio é um dos parlamentares que defendem o encaminhamento do pedido de impeachment qualquer que seja o desfecho do julgamento no STF. “É preciso que a Câmara volte a trabalhar no que diz respeito ao impeachment ”. A comissão está parada em razão de questionamentos do Supremo. O senador espera que o STF se pronuncie o mais rápido possível sobre os embargos que impôs ao processo.
Mobilização
Para pedir celeridade no julgamento dos embargos, a oposição pretende conversar novamente com o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, na próxima semana. Antes, os oposicionistas eram favoráveis a aguardar o Supremo por entender que a indicação dos integrantes por escolha unilateral dos líderes daria maioria ao governo e esfriaria o impeachment, além de fortalecer demais o Senado, onde a tese tem menos apoiadores.
Mas diante da suposta delação premiada do ex-líder do governo Delcídio do Amaral (PT-MS) e dos mandados de condução coercitiva e quebra de sigilo de Lula, parentes e amigos, os oposicionistas avaliam que a temperatura do impeachment está em grau elevado e é preciso aproveitar o clima dos protestos do dia 13 de março.
O coordenador jurídico do PSDB, Carlos Sampaio (SP), já está trabalhando para garantir o aditamento, que deve incluir informações da suposta delação de Delcídio. “Nós achamos que é necessário a comissão do impeachment se debruçar também em relação a essas novas denúncias”, afirmou.
Já o líder do DEM na Câmara, deputado Pauderney Avelino (AM), afirmou que a oposição vai aproveitar a condução coercitiva de Lula para pedir a convocação do petista para depor na CPI do Carf que será instalada nas próximas semanas na Câmara.
No Senado, líderes da oposição afirmaram que a operação da PF mostra que “ninguém está imune” a investigações e nem “acima da lei”. “O presidente Lula merece respeito e consideração, mas isso não o torna imune às investigações. Precisamos ter muita serenidade neste momento, mas também muita firmeza para tomar as ações adequadas”, disse o líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB).
Ministro do STF quer apurar vazamento de delação
Relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Teori Zavascki quer apurar o vazamento da delação premiada do senador Delcídio do Amaral, que teria citado a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. A divulgação do acordo irritou o ministro, pois ele avalia que a publicidade da delação pode fazer parte de uma operação para tumultuar o processo e prejudicar a homologação do acordo. O ministro ainda estuda a forma como será apurado o vazamento.
Teori deve confirmar nos próximos dias a delação de Delcídio. Ele estaria analisando as condições do acordo fechado entre o senador e a Procuradoria-Geral da República. Além de Dilma e Lula, Delcídio citou vários políticos. De acordo com documentos divulgados pela revista IstoÉ, o senador revelou à Lava Jato que Lula mandou subornar o ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, em troca de seu silêncio. O senador, afirma a revista, também disse que Dilma tentou por três vezes interferir na Lava Jato com a ajuda do ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo.
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