Jonatas dos Reis Oliveira, 30 anos, suspeito de usar a plataforma de transporte por aplicativo Uber para sequestrar, ameaçar e roubar mulheres em Salvador, teve a prisão temporária solicitada à Justiça por quatro ocorrências registradas na Polícia Civil (PC). Segundo a pasta, ele teria sido autor de roubos com restrição de liberdade de vítima, praticado contra passageiras de transporte de aplicativo, nas regiões da Avenida Tancredo Neves, Costa Azul e Pituba, onde também foi registrado um caso ocorrido na Rua Ceará, no domingo (22).
Conforme as apurações da polícia, o suspeito que se utilizava da função de motorista de transporte por aplicativo, cancelava a corrida após a vítima entrar no carro, ameaçava as mulheres com arma de fogo e as obrigava a realizar transferências bancárias. Ele, inclusive, tem passagem recente pela prisão, tendo sido detido no começo do ano por suspeita de participação em outro roubo, no bairro da Vila Laura.
A PC informou que informações enviadas por meio do Disque Denúncia da Secretaria da Segurança Pública (SSP), no 181, poderão auxiliar na localização do homem. Câmeras de vigilância auxiliaram na identificação do veículo utilizado para praticar o crime.
Vítima relata como foi o golpe do motorista ‘Uber’
Pelo menos cinco mulheres foram vítimas das quatro ocorrências de sequestro seguido de roubo que teriam tido Jonatas dos Reis Oliveira como autor. Uma delas, que preferiu não se identificar, é uma dentista que mora há seis anos em Salvador e afirma jamais ter vivenciado um episódio de violência do tipo.
A dentista em questão estava acompanhada de uma amiga e solicitou uma corrida pelo aplicativo com embarque no Salvador Shopping, parada em Alphaville e outra em Stella Maris, no dia 25 de setembro deste ano. Ela narra que o carro do modelo Ônix, de cor branca, tinha o vidro insulfilm bastante escuro e que isso a fez ficar desconfiada, mas ela desconsiderou a sensação porque a placa era compatível com que era exibida pelo aplicativo, assim como a imagem do motorista era semelhante à figura dele ao vivo.
Após o desembarque de um passageiro, ela entrou com a amiga no carro e fez o trajeto normal por dez minutos até notar que o motorista havia desviado da rota. “Nesse momento, eu perguntei o que tinha acontecido e por que ele tinha errado, e fui olhar no meu aplicativo Uber se eu tinha colocado meu endereço certo. Ele viu que eu peguei no telefone, olhou para trás, pegou uma arma de cor prata e ameaçou a gente. Falou ‘Já entendeu, né? Isso aqui é um sequestro’, e já foi pedindo nosso telefone, senha, pediu para entrar em banco”, conta.
Sem saída, a dentista foi obrigada a fazer um Pix de R$240 e perdeu mais de R$1 mil em espécie, além de uma quantia maior pertences pessoais, já que carregava consigo uma bolsa, corrente de ouro e relógio. A amiga precisou transferir R$600 via Pix. Cada um dos valores teve como destinatário o próprio Jonatas e um homem de prenome José Lucas. Ao todo, elas estimam ter perdido R$15 mil reais em objetos e dinheiro.
O sequestro durou cerca de uma hora. Nesse período, a arma foi pressionada no joelho da dentista durante todo trajeto, que também foi marcado por ameaças. “Falava que a gente ia morrer, que se a gente gritasse ou não cooperasse ele matava a gente e que seríamos só mais duas nas estatísticas. Ele também falava o tempo inteiro: ‘Estou fazendo isso porque estou precisando. Fui levar um caminhão de drogas para São Paulo, o caminhão foi preso, estou devendo a droga para o chefe e preciso pagar para ele não me matar. Então, são vocês ou eu”, detalha.
Jonatas ainda teria dito que o carro que usava para executar o crime era roubado e que o motorista estava preso com um comparsa. Ele chegou a ameaçar a levar a dupla para o mesmo lugar, além de citar como possíveis destinos da viagem cidades como Alagoinhas e Feira de Santana. O intuito era obter mais dinheiro. “Ele mandou a gente ligar para os nossos namorados e pais para pedir dinheiro. [...] Foi um terror. Ele falava que tínhamos agradecer por ele não nos agredir, estuprar ou fazer pior”, acrescenta.
Antes de deixar as duas na Avenida Luís Eduardo Magalhães, próximo à Estação de Metrô Tamburugy sentido Centro, Jonatas ainda as intimidou para não ser denunciado. Na ocasião, ele teria usado os mesmos argumentos de que não tinha feito nada além de sequestrar ambas, além de ameaçar entregar fotos delas para o chefe para que ele mandasse matá-las.
Após o ocorrido, a dentista afirma estar traumatizada. “Eu tive até que sair de Salvador. Qualquer pessoa que eu visse e achasse estranho, eu já achava que podia me assaltar ou apontar uma arma para mim. Qualquer carro branco que eu vejo com placa preta, principalmente um Ônix, eu fico apavorada, penso que é ele e entro em desespero. Só pensar em pegar um Uber me dá crise de pânico. Nunca mais vou conseguir entrar em um Uber”, diz.
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