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Opinião

Rogaciano MedeirosRogaciano Medeiros

A questão que mais inquieta, atualmente, as forças progressistas é o projeto a ser adotado, de imediato, para encarar a ofensiva do grande capital, que não vai desistir enquanto não retomar o poder central. A disputa pelo impeachment é apenas uma etapa, assim como as tentativas desesperadas da direita de encontrar um caminho legal para deletar o ex-presidente Lula da eleição presidencial de 2018.

Hoje, as possibilidades de o impeachment ser derrotado são animadoras. O governo e muitas outras forças da sociedade que defendem a democracia têm se movimentado e mobilizado para conter o golpe.  Além do mais, a própria classe dominante não está unificada em torno da viabilidade de uma ruptura institucional. Há um certo temor sobre os desdobramentos, dos riscos inerentes de um regime de exceção.

No caso do ex-presidente Lula, a decisão do Supremo Tribunal Federal de tirar as investigações das mãos do juiz Sérgio Moro evita um linchamento, mas não o livra de um julgamento político, marcado pela pressão das elites que, inconformadas com a quarta derrota consecutiva nas urnas, usam o argumento do combate à corrupção para atacar o governo e estabelecer uma cruzada moralista. Ou melhor, falso moralista. Exatamente como ocorreu em 1954 com Getúlio Vargas, em 1960, na eleição de Jânio Quadros, em 1961, na posse de João Goulart, em 1964, com a ditadura civil militar, e agora. São as mesmas forças golpistas.

A grande preocupação no momento é com a estabilidade institucional, com a preservação da democracia, com as liberdades políticas, com o respeito ao Estado de Direito, o cumprimento das leis, com a manutenção das regras do jogo. Como esses preceitos são indispensáveis à segurança da própria economia de mercado, as chances do impeachment são reduzidas.

Mas, isso não quer dizer que as elites vão desistir. Essa briga é encabeçada pelo grande capital financeiro internacional, que precisa deslocar as forças progressistas do poder para incrementar o neoliberalismo, aprofundar as privatizações, meter mão no pré-sal, usar o Brasil para sabotar o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), maximizar os lucros de forma brutal, enfim celebrar o mercado como o deus absoluto. A ofensiva mira toda a América Latina. Há, inegavelmente, um recrudescimento da direita em escala mundial. Os ataques vão prosseguir até a eleição presidencial de 2018.

Por isso mesmo, é fundamental que o governo dê uma guinada à esquerda, acima de tudo nos fundamentos econômicos. Faça também mudanças na condução política. Só resta reforçar a organização popular, a mobilização dos trabalhadores, o amparo na força do povo, para não apenas manter os setores progressistas na condução das transformações que têm ocorrido no Brasil nos últimos 13 anos, mas, principalmente, ampliá-las. Esse é ainda o caminho para conter o preocupante crescimento da direita de inspiração fascista, que tem espalhado tanto ódio e medo. O Brasil precisa de tolerância, de ética, de humanidade, de uma comunicação democratizada, de mais cidadania, mais democracia, de respeito à diversidade e às leis. 

Rogaciano Medeiros é jornalista

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