O depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), abordou diversos temas, incluindo as vacinas, o caso das joias e a suposta tentativa de golpe de Estado. O militar foi ouvido pela Polícia Federal na segunda-feira, 11. As informações são da jornalista Camila Bomfim, da GloboNews.
Agentes próximos à investigação afirmaram que Cid confirmou elementos descobertos após a assinatura do acordo de delação, o que fortaleceu ainda mais sua colaboração com a PF. Cid, inclusive, afirmou que o círculo próximo de Bolsonaro, que foi alvo da operação relacionada à tentativa de golpe, já havia sido informado de que não havia fraude nas urnas eletrônicas e que o sistema era completamente confiável e seguro. No entanto, de acordo com Cid, eles continuaram se reunindo e tramando o golpe.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro relatou também que, mesmo após ter sido alertado, o grupo persistiu com as narrativas destinadas a promover a desconfiança no sistema eleitoral. Isso porque, segundo Cid, a descredibilização do sistema era vista como a única forma de justificar o golpe.
As mensagens públicas do celular de Cid, acompanhadas de suas respectivas datas, também confirmam que, apesar dos relatórios e reuniões que asseguravam a segurança das urnas, o discurso persistiu e os planos continuaram. Durante esse período, foi elaborada a minuta para o golpe, incluindo a suspeita de que o próprio Bolsonaro tenha editado o documento.
Ainda de acordo com investigadores, Cid também mencionou que o ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, era contrário ao golpe, como ficou evidenciado por mensagens de interlocutores de Bolsonaro encontradas em seu celular.
Depoimento de 9 horas
Cid começou seu depoimento por volta das 15h de segunda-feira e só foi liberado na madrugada de terça-feira, pouco depois da 0h15. Ele permaneceu na sede da PF em Brasília por cerca de nove horas. Cid, no entanto, não é alvo do inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado e que resultou na operação Tempus Veritatis.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro fechou um acordo de delação premiada com a PF em setembro do ano passado. Desde então, ele é obrigado a fornecer novas informações à polícia para manter os benefícios do acordo.
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