Apesar da postura higienista, Trump é filho e neto de imigrantes, além de ter se casado com duas estrangeiras (Foto: Shutterstock)
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, não esconde de ninguém seu desprezo por imigrantes e, em uma das suas primeiras ações de governo, tem deportado centenas de milhares de pessoas de diversos países, entre eles o Brasil.
No entanto, apesar da postura higienista, Trump é filho e neto de imigrantes, além de ter se casado com duas estrangeiras. Conheça um pouco da história do homem que se tornou um dos maiores líderes anti-imigração da atualidade.
A trajetória da mãe imigrante do presidente
Mary Anne MacLeod, que mais tarde se tornaria Mary Anne MacLeod Trump, chegou aos Estados Unidos pela primeira vez em 11 de maio de 1930, aos 18 anos, com US$ 50 no bolso - quantia que, na época, era obrigatória para a entrada de qualquer imigrante no país. Ela vinha de um vilarejo chamado Tong, situado em uma ilha na Escócia, onde a pobreza e a falta de oportunidades impulsionaram a emigração de muitas jovens.
Ao contrário da narrativa frequentemente repetida por seu filho, Mary Anne não foi para os Estados Unidos apenas como turista, mas como imigrante em busca de residência permanente.
Os registros da Fundação Estátua da Liberdade – Ellis Island mostram que Mary Anne embarcou no porto de Glasgow no dia 2 de maio de 1930, a bordo do navio Transilvania, chegando nove dias depois aos Estados Unidos. Seu visto de imigrante, emitido em fevereiro do mesmo ano, indicava sua intenção clara de se estabelecer no país. O endereço registrado nos documentos alfandegários era o de sua irmã Catherine, que morava no bairro de Astoria, em Queens, Nova York, onde Mary Anne encontrou apoio para iniciar sua nova vida.
Doméstica
Assim como muitas mulheres imigrantes da época e da atualidade, Mary Anne começou sua jornada nos Estados Unidos trabalhando como doméstica, segundo mostram os registros alfandegários da época. Ela permaneceu nesse trabalho por pelo menos mais quatro anos e, embora estivesse legalizada no país, só conseguiu a cidadania 12 anos após sua chegada, quando se casou com Fred Trump, um jovem rico em ascensão.
Fred Trump: O magnata que construiu o império da família
Antes de Donald Trump se tornar uma figura de destaque no setor imobiliário e na política americana, seu pai, Fred Trump, já havia consolidado um vasto império no ramo da construção civil. Trump filho frequentemente se apresenta como alguém que construiu sua fortuna praticamente do zero, mas investigações sugerem que sua ascensão foi amplamente sustentada pela herança bilionária do pai.
Frederick Christ Trump nasceu em 1905, em Nova York, mas era filho dos imigrantes alemães, Elizabeth Christ e Frederick Trump. Seu pai faleceu quando Fred tinha apenas 13 anos, deixando para a família o desafio de se manter em meio às dificuldades da época. Apesar da pouca idade, Fred demonstrou habilidade para os negócios e, aos 17 anos, fundou sua própria empresa de construção civil. Como ainda não tinha idade para assinar cheques, sua mãe tornou-se oficialmente sua sócia.
Nos anos 1920, a empresa começou construindo e vendendo casas para famílias na região do Queens, em Nova York. Com o advento da Segunda Guerra Mundial, Fred Trump aproveitou os incentivos federais para moradia e expandiu significativamente seus negócios, erguendo conjuntos habitacionais acessíveis para famílias de classe média. Esse modelo de negócio lhe rendeu comparações com Henry Ford, pelo método eficiente e lucrativo de construir em grande escala.
A reputação de Fred Trump oscilava entre o respeito por sua capacidade de construção e a polêmica por sua forma de administrar os negócios. Ele era conhecido por economizar cada centavo possível em seus empreendimentos e, com isso, embolsar recursos de subsídios federais destinados às construções.
A prática, embora legal na época, gerava controvérsias e, ao longo dos anos, Trump pais enfrentou investigações por supostas irregularidades nos contratos. Em 1954, foi chamado para depor no Congresso por suspeitas de ter inflacionado custos em projetos financiados pelo governo para aumentar os próprios lucros.
Nos anos 1970, outra polêmica atingiu sua empresa. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos abriu um processo contra Fred Trump por discriminação, acusando-o de recusar alugar apartamentos para negros e porto-riquenhos. Donald Trump, já envolvido nos negócios da família, assumiu um papel ativo na defesa do pai. O caso foi encerrado por meio de um acordo judicial, sem que a família Trump admitisse culpa.
Fred Trump manteve um estilo de vida mais austero do que seu filho Donald, evitando os holofotes e focando no crescimento de sua fortuna. Quando faleceu, aos 93 anos, havia acumulado um patrimônio bilionário, que seria a base para os empreendimentos e a projeção pública de seu filho.
Além da mãe e dos avós paternos, a família de Donald Trump também foi marcada pela imigração por meio de suas esposas. Ivana Trump, sua primeira mulher, nasceu em 1949 na então Tchecoslováquia e imigrou para os Estados Unidos, onde se tornou cidadã americana. Ela desempenhou um papel significativo nos negócios da família antes de se divorciar de Trump em 1992. Já sua terceira esposa, Melania Trump, nasceu em 1970 na Eslovênia e se mudou para Nova York em 1996. Tornou-se cidadã americana em 2006, um ano após se casar com Donald Trump, e foi a primeira-dama dos Estados Unidos de 2017 a 2021.
COM SUA PERMISSÃO:
"Quando eu perder a capacidade de indignar-me ante a hipocrisia e as injustiças deste mundo, enterre-me: por certo que já estou morto". Augusto Branco
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