O Flamengo tinha tudo para salvar seu ano na noite desta quarta-feira. Jogou com o apoio de quase 60 mil torcedores, contou com o aguardado retorno de Everton e jogava por vitória no estádio aonde vem de longa invencibilidade. Mas não conseguiu Ofensivo, mas sem conseguir criar chances claras de gol, o time empatou com o Independiente em 1 a 1 e viu os argentinos fazerem a festa na decisão da Copa Sul-Americana, repetindo o que acontecera em 1995 pela Supercopa. Ao fim, o Flamengo saiu de campo com a sensação de um novo Maracanazo e ouvindo parte de sua própria torcida gritar "time sem vergonha".
O jogo valia muito para o Flamengo. Era a chance de conquistar um título internacional pela primeira vez após 18 anos e, mais do que isso, terminar em alta uma temporada recheada de frustrações, que começou com uma eliminação precoce na Copa Libertadores, passou por um vice na Copa do Brasil e chegou a uma campanha não mais do que razoável no Campeonato Brasileiro. O único título era o Estadual, muito pouco para um clube que investira pesado em contratações.
O Maracanã, claro, recebeu grande público. Todos os 56 mil bilhetes haviam sido vendidos por antecipação. Poderiam ser muito mais - 74 mil pessoas assistiram à final da Copa do Mundo de 2014 nesse mesmo estádio -, mas a necessária área "de proteção" que separou a torcida argentina da brasileira, além das incontáveis cortesias, impediram que um número maior de torcedores assistisse à grande final. Ainda assim, no total 62 567 torcedores se fizeram presentes.
Dentro de campo, (quase) nenhuma surpresa na escalação. O técnico Reinaldo Rueda, que na véspera havia dito que Everton estava "500% em condições de jogo", colocou o meia desde o início. Mas chamou atenção a opção em sacar o outrora badalado Everton Ribeiro e deixar em campo o jovem Lucas Paquetá. Era isso o que esperava a torcida, que aplaudiu muito o jogador quando ele teve seu nome chamado no sistema de som do estádio.
A manutenção de Paquetá logo se demonstrou acertada. Além de marcar o gol chorado que abriu o marcador aos 30, o meia era quem mais se movimentava no meio-campo do Flamengo, ora puxando ataques pela direita, ora ajudando na marcação. Ele também pareceu algumas vezes para auxiliar a defesa, onde o veterano Juan não facilitava para ninguém - nem mesmo para a bola. Conhecido pelo fino trato com que sempre a tratou, ontem ele não se furtou a dar balão.
Chutes longos, aliás, foram a tônica do Flamengo. Foram muitos os lançamentos e as tentativas de ligação direta, quase sempre sem resultado prático. No primeiro tempo, na única vez em que a jogada deu certo, aos 13, Everton perdeu o gol cara a cara com Campaña.
Do outro lado, o Independiente era uma equipe que buscava o gol nos contra-ataques e o título na base da catimba. A vitória por 2 a 1 no jogo de ida fez o time argentino jogar mais concentrado, sem afobação e tocando a bola. De quebra, os argentinos precisaram de apenas oito minutos para empatar depois que o Flamengo abriu o marcador, em gol de pênalti assinalado por Barco.
Com o tempo correndo contra, o técnico Reinaldo Rueda decidiu arriscar na etapa final. As entradas de Vinicius Junior e de Everton Ribeiro deram ao Flamengo mais força ofensiva, mas ao mesmo tempo deixaram a equipe mais vulnerável. Gigliotti passou a ganhar espaço no meio, e Barco pela direita. O jogo ficou em aberto, e as melhores chances acabaram sendo argentinas. No fim, prevaleceu o empate. A festa foi dos mais de quatro mil argentinos que foram ao Rio. Ao flamenguistas, restou a frustração em 2017.
< Anterior | Próximo > |
---|