Entidades relatam aumento do número de casos da covid-19 e a desigualdade de acesso à internet
No mês de realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), estudantes e entidades educacionais clamam nas redes sociais pelo adiamento da prova. Pelo Twitter, principalmente, a hashtag #AdiaEnem ficou entre os assuntos mais comentados na noite de segunda-feira, 4, e na manhã desta terça-feira, 5. A prova já foi adiada anteriormente em maio do ano passado.
O motivo principal para o adiamento da prova seria o aumento do número de casos da covid-19 e a desigualdade de acesso à internet - pela primeira vez, o Enem terá a opção digital, sendo realizada nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro de 2021.
Entidades como a União Nacional dos Estudantes (UNE) publicaram em suas redes sociais manifestos contra a prova, há 13 dias de sua aplicação. "Chegamos em 2021 com os casos de covid-19 crescendo, assim como as restrições nos estados têm aumentado. A insegurança e desespero entre os estudantes também aumentam porque é do nosso futuro e dos sonhos das nossas famílias que estamos falando!", informou a entidade em post no Facebook.
A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) também se posicionou contra a realização das provas. "O MEC nunca ouviu os estudantes e por isso estamos nessa situação", pontou em tweet.
No Twitter, vários estudantes se posicionaram contra a realização da prova. Na rede social, os relatos são vários sobre sobrecarga de cansaço físico e mental devido a pandemia e o próprio Enem. "Além de o estudante estar nervoso com futuro, profissão, fazer uma boa prova e redação. Ele vai ter que também estar com medo de não se contaminar nem ninguém ao redor, não levar covid pra casa e se tem leito nos hospitais. Não é justo nem razoável", diz uma das publicações.
Roberto César, 18, é estudante de uma escola pública do Ceará e realizará a prova impressa no próximo dia 17 e 24 de janeiro. Morador do bairro Planalto Aírton Senna, seu cartão de confirmação mostra o local de prova no bairro Mondubim - cerca de 4 km longe de sua casa.
Com a suspensão das aulas presenciais, até tentou manter uma rotina de estudos. Mas não foi fácil: sem condições estruturais, não conseguiu seguir com o aprendizado durante a pandemia e ainda, teve que lidar com a morte do pai em 2020, única renda familiar. "Isso rompeu totalmente, até na questão de sustento aqui em casa. Um mês depois da morte dele, precisei ir atrás de emprego", conta o estudante.
Mesmo sob as condições, pretende ir fazer a prova daqui a alguns dias. "Agora que tá mais próximo, é tentar assimilar o conteúdo. Mas até as esperanças e expectativas foram embora", conta, relatando um 'tempo perdido e pouco tempo para recuperar'. Mesmo sendo a favor do adiamento da prova, Roberto aponta para uma falta de diálogo entre o Ministério da Educação (MEC) e o Inep.
"Adiar o Enem é importante, mas tem o calendário das universidades. Se for adiado, as datas não vão bater com o calendário e a prova vai acabar servindo de nada. Era para ter uma conversa entre Inep e MEC desde o dia do adiamento da votação. Mas não teve", lamenta.
Responsável pela aplicação do Enem, o Instituto (Inep) chegou a abrir uma enquete online no qual os estudantes opinariam sobre os dias das provas. O mês de maio foi o mais escolhido pelos inscritos e inscritas, entretanto, o Enem deve acontecer ainda este mês.
O Inep não se posicionou sobre o movimento #AdiaEnem .
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