O clima é de otimismo no setor lojista baiano com a aproximação da movimentação de final de ano, período mais lucrativo para o comércio varejista. Além do pagamento do 13º salário aos trabalhadores com carteira assinada, que injeta um expressivo volume de recursos na economia, há duas datas fortes nesta reta final: o Black Friday (temporada de compras natalícias com promoções, iniciada na última sexta-feira de novembro). A avaliação é do vice-presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas - Bahia (FCDL-BA), Antoine Tawil, ressaltando que, desde 2023, há um “quadro promissor” para os setores de Comércio e Serviços em território baiano. De janeiro a julho deste ano, inclusive, o crescimento das vendas no varejo já foi positivo: 8,2%, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“O ano passado já apresentou uma reação importante. Muitos dos índices foram animadores, como os de crescimento nesses dois setores, além de alta expressiva da produção agrícola; aumento no consumo das famílias; controle do endividamento; e crescimento da indústria”, enumera o dirigente da FDCL-BA. Para este final de 2024, diz, as perspectivas são boas, considerando o crescimento das vendas do varejo e a redução no índice de desemprego. “Além do 13º salário, Black Friday e Natal, deve-se levar em conta, ainda, aspectos como o movimento de verão e o aumento do turismo no estado nessa época e que se estende até o Carnaval”, diz, ponderando, no entanto, que “nem tudo são flores: há preocupação com outros aspectos, como crédito mais caro e índice de inflação em alta”.
Para o empresário Danilo Macedo, CEO da Max Calçados, com sede em Salvador, embora 2023 e 2024 tenham sido “de muitos desafios e pontos de ajuste”, o varejo tem trazido sinais de que as vendas no período de Black Friday e no Natal serão razoáveis. “O 13º salário e o desejo do consumidor de presentear entes queridos fazem com que o comércio se aqueça. Acredito que, em 2025, teremos um ano ainda de ajustes, tanto internamente nas empresas, que estarão focadas na redução de despesas e em investimentos para atender o consumidor mais dinâmico e conectado, como também nas esferas governamentais, visando destravar a regulamentação dos jogos de azar e na redução da inflação e das taxas de juros, o que possibilitará um aumento gradual do consumo e poder de compra das famílias, ao longo do próximo ano”, analisa.
Um dos principais desafios para o setor comercial, complementa Macedo, “é compreender que o consumidor já não é mais o mesmo, porque está hiper conectado e com acesso a diferentes canais de compra”. Ele considera que se adequar a esta realidade tem sido desafiante para as empresas, principalmente as pequenas. “Outros fatores, como inflação, taxa de juros elevada e desemprego, também têm impacto negativo no consumo. Atualmente, temos um varejo que disputa a atenção do cliente de forma on-line e off-line e, principalmente, que precisa saber lidar com a concorrência com os gigantes, como Shein e Shoppe, que até há pouco tempo possuíam vantagens sobre as empresas nacionais por não serem taxadas nas importações e nem terem que arcar com demais impostos. Essa concorrência desleal impactou negativamente o pequeno e o grande varejista”.
Entreposto comercial
Importante entreposto comercial e de serviços, influenciando cerca de 80 municípios do sudoeste baiano e do norte de Minas Gerais, Vitória da Conquista responde por um setor terciário sempre em expansão, o que a coloca na posição de terceira economia do interior da Bahia. O cenário se justifica pela diversificação na oferta de serviços e ampliação do comércio, atraindo outras localidades regionais e dinamizando a economia local, de acordo com Márcio Pedro da Costa, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Vitória da Conquista. A entidade computa que os segmentos de Alimentação e Bebidas; Vestuário e Acessórios; e Materiais de Construção são os que mais se destacam na cidade.
O dirigente da CDL de Vitória da Conquista afirma que o setor lojista local está em um caminho de recuperação e crescimento, com boas perspectivas, embora ainda enfrente desafios, como inflação e necessidade de adequação rápida às mudanças no comportamento do consumidor. A adaptação às novas tendências de consumo voltadas a experiências de compra personalizadas e conveniência e o investimento em inovação e tecnologia, acredita, serão cruciais para o sucesso contínuo.
“Para 2025, espera-se que o setor continue a crescer, com novos investimentos em infraestrutura, abertura de novos atakarejos e eventos comerciais. Lojistas que entenderem as necessidades dos clientes terão vantagem competitiva. Sustentabilidade e inovação tecnológica permanecerão como pilares importantes e empresas que adotarem essas práticas estarão melhor posicionadas para enfrentar os desafios futuros”, discorre.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Brumado e dono da Minas Calçados, Orlando Gomes, destaca que, em âmbito estadual, estima-se que a economia tenha tido um crescimento, aproximadamente, de 5% no faturamento das empresas. “Houve um aquecimento nas vendas locais, em especial neste ano, com elevação no Comércio de Bens, Serviços e Turismo. Acredita-se que esse crescimento se deve ao impulsionamento do setor cultural, especialmente com os festejos momescos e juninos, que ativam a cadeia produtiva, principalmente na economia informal. A projeção é que haverá, este ano, um aumento no faturamento das empresas em relação a 2023”, avalia Orlando, confiante no Black Friday e Natal.
Para o dirigente, esse momento mais positivo se deve a um conjunto de fatores econômicos, sobretudo em relação ao mercado de trabalho. “Há, na Bahia 2,1 milhões de trabalhadores com vínculos formais, um aumento de pouco mais de 70 mil em relação a meados de 2023. Ou seja, a massa de rendimentos disponível para os trabalhadores é mais elevada, o que permite o aumento do poder de compra, com consequências positivas para os segmentos do Comércio e Serviços. Além disso, como mostra o dado do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), há mais pessoas com carteira assinada. No final do ano, isso terá um efeito expressivo com o recebimento do 13º salário”, avalia, ressalvando que o fato negativo é a elevação da inadimplência do crédito.
Segundo o Caged, há mais de dois mil Cadastros Nacionais da Pessoa Jurídica (CNPJs) abertos em Brumado, com destaque, no setor do Comércio, para os segmentos de utilidades para casa, farmácias, supermercados, vestuário, calçados e material de construção. No setor de Serviços, deverão se sobressair os relacionados à prestação às famílias, como hotéis e restaurantes. “O Turismo é um dos carros-chefes da economia local e a ampliação da oferta de assentos domésticos e internacionais tem favorecido esse bom desempenho. Os empresários, por sua vez, seguem investindo na melhoria, ampliação e construção de novos estabelecimentos”, observa o presidente da CDL de Brumado.
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