Levantamento do Bradesco BBI aponta que os fundos de investimento que buscam empresas para comprar no Brasil têm US$ 25 bilhões (R$ 100 bilhões) em caixa para aplicar em países emergentes. Os principais alvos são empresas de energia, concessões na área de estradas, aeroportos e saneamento pertencentes a grupos envolvidos na Operação Lava Jato, e também negócios de ocasião nas áreas de educação, saúde e imobiliária.
Em 2015, fundos como o brasileiro GP, a canadense Brookfield ou o GIC (fundo soberano de Cingapura) desembolsaram cerca de R$ 23 bilhões apenas nas 12 maiores aquisições de empresas brasileiras.
O levantamento do BBI destaca que em oito dessas operações os fundos compraram o controle da companhia, e não apenas uma fatia. "É uma mudança marcante. Até pouco tempo atrás, esse tipo de investidor preferia comprar participações minoritárias. Agora, busca o controle e aceita pagar bem mais por isso", diz Leandro Miranda, diretor-gerente do Bradesco BBI.
Envolvida na Lava Jato, no ano passado a Camargo Corrêa colocou no mercado duas de suas empresas mais cobiçadas. Num piscar de olhos, vendeu a Alpargatas inteira por R$ 1 bilhão, quase o dobro do que a empresa valia na Bolsa. Já a InterCement, segunda maior cimenteira do país, encalhou porque o grupo queria vender no máximo 18% da companhia.
Os investidores, especialmente os estrangeiros, perseguem a posição de controle porque estão com mais poder de fogo por causa da desvalorização do real. Ao mesmo tempo, as empresas brasileiras valem menos em reais porque seu desempenho foi afetado pela recessão.
"Hoje é possível comprar uma empresa de R$ 1 bilhão com US$ 250 milhões. Não dava para fazer isso no primeiro semestre do ano passado", afirma Marco Gonçalves, sócio responsável pela área de fusões e aquisições do banco BTG Pactual, em matéria na Folha de São Paulo.
Estrangeiros
Os chineses da China Three Gorges pagaram R$ 13,8 bilhões por duas hidrelétricas do governo. O grupo italiano Gavio comprou a maior parte da EcoRodovias, da CR Almeida, por R$ 2,2 bilhões.
"O Brasil tem boas empresas, o mercado interno é grande, e está barato. Os estrangeiros devem manter o interesse aqui, especialmente os asiáticos", afirma Flávio Valadão, diretor da área de fusões e aquisições do Santander.
Para aumentar o atrativo, na semana passada a Petrobras decidiu colocar à venda seus 36% na Braskem, maior petroquímica da América Latina, que a estatal controla com a Odebrecht.
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