Vereador e líder do governo Tagner Cerqueira (PT) acompanhado pela Secretaria Rosângela, os vereadores Dilson Magalhaes Jr. e Neidinha Muniz durante vistoria no galpão de suprimentos da saúde (Foto: Print/Vídeo/Montagem Redação)
Ainda nos desdobramentos sobre a falta de medicamentos nas unidades de saúde do município - que começou com uma denúncia do vereador Jackson Josué (União Brasil), na sessão ordinária da terça-feira (25/03), a Prefeitura de Camaçari, em nota enviada à imprensa nesta quinta-feira (03/04) fez um pronunciamento, no mínimo, estranho, pela posição da secretária de Saúde, nas redes sociais.
Segundo o documento, “o trabalho de abastecimento do estoque de medicamentos segue sendo realizado” pela Secretaria de Saúde (Sesau) “somente no mês de março, 32 tipos de medicações, que atendem diversas necessidades de saúde da população, foram adquiridos”. Nos seis parágrafos da nota, a Prefeitura lista o valor global investido na compra de medicações, os nomes dos medicamentos adquiridos e o cronograma de entregas.
O texto não nega a ocorrência de problemas, mas dá a entender que todas as unidades estão abastecidas: “Com esse planejamento eficiente, a Sesau assegura que os medicamentos cheguem de forma pontual a cada unidade, garantindo o abastecimento e evitando a falta de medicamentos essenciais à população”, alega o release.
O mais estranho, no entanto, é que a nota foi divulgada um dia depois de a secretária de Saúde, Rosângela Almeida, publicar dois vídeos no Instagram ao lado do vereador e líder do governo Tagner Cerqueira (PT) admitindo o problema da falta de medicamentos nos postos e prometendo mudança.
O que diz a secretária
Nos dois vídeos, gravados no almoxarifado da empresa Simas, responsável pela compra e distribuição dos medicamentos para as unidades de saúde da cidade, a titular da pasta admite a falta de medicações e atribui o problema à falta de contratos da gestão anterior. “Nós estamos aqui exatamente por isso, para mostrar a verdade às pessoas. Vai dizer que nós temos dificuldade de licitação, porque não encontramos licitações prontas. Mais de 80% das licitações estavam lá paradas, há mais de seis meses, paradas lá, engavetadas, um monte de papel em cima da mesa. Isso ninguém diz”, relata ela.
Na mesma postagem, ela garante que os processo de compra estão em andamento e promete abastecimento imediato. “Mas é importante dizer também que nós estamos trabalhando dia e noite para fazer licitação, para fazer a compra de medicamento e para abastecer as unidades. Já fechamos com a Simas aqui. O cronograma é, chegou a medicação, será distribuída. A gente não vai ficar esperando para que as unidades não fiquem desabastecidas”, garante a secretária.
Em outro vídeo, gravado no mesmo dia e local, ela e o vereador Tagner mostram prateleiras com inúmeras caixas e garantem que todos são medicamentos para serem distribuídos na cidade, explicando que ainda falta adquirir alguns medicamentos específicos, mas que estão em processo de compra. “A gente já está finalizando o processo da licitação. Terei o prazer de reunir com vocês [mães de crianças autistas, que estão sem medicação], para a gente poder fazer essa entrega e dizer que a partir desse momento, com a licitação fechada, a gente não vai deixar mais essa interrupção acontecer”, promete Rosangela, embora sem citar data.
O que diz a prefeitura
Já a prefeitura, no release, contradiz a secretária. Segundo a nota, a entrega não será logo após a chegada das medicações, mas seguirá um cronograma: “O processo de distribuição é dividido da seguinte forma: hospitais, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e farmácias de maior demanda, como o SAMU 192 e a Farmácia do Povo 24h, recebem entregas semanais (11 unidades); centros de reabilitação, Unidades Básicas de Saúde (UBSs), unidades de médio porte e unidades de atendimento especializado, têm entregas quinzenais (23 unidades); e as Unidades de Saúde da Família (USFs) e outros pontos com demanda mais previsível (35 unidades), recebem entregas mensais”.
Ainda segundo a nota, estão disponíveis na rede, entre outros, os medicamentos, “brimonidina, utilizado no tratamento de glaucoma; enoxaparina, anticoagulante injetável; ivermectina, usado para tratar parasitoses; propanalol, indicado para problemas cardíacos, controle de sintomas de ansiedade e prevenção de enxaquecas; metformina, antidiabético oral; além de medicamentos voltados para a saúde mental, como clonazepam e diazepam.
Já os medicamentos “fenofibrato, ácido folínico, budesonida, clomipramina, cloreto de sódio, dexclorfeniramina, hidroclorotiazida, iodopovidona, prometazina, solução de fucsina fenicida, solução de Ringer com lactato, soro glicosado, tenecteplase, ácido fólico, sinvastatina, dipirona, dexametasona (creme), gliclazida, amoxicilina, sulfato ferroso, losartana, AAS, hidróxido de alumínio e isosorbida”, também segundo a nota, foram “adquiridos na última semana” e “estarão disponíveis em breve nas farmácias”.
O que diz o prefeito
Desde o início da “polêmica” o prefeito Luiz Carlos Caetano (PT) não deu nenhuma declaração sobre o caso. Mesmo assim, cabe lembrar aqui uma declaração sua, em entrevista ao programa Contato Direto, no dia 25 de janeiro: “E aí o que eu tenho dito, não esconde nada da população, vamos fazer um debate aberto com a população, porque a população entende, sabe entender, a população conhece de perto, porque vive o dia a dia em cada canto”.
Bom, ao que parece, alguém não está seguindo a orientação do prefeito...
O trabalho de abastecimento do estoque de medicamentos acontece por meio da Secretaria de Saúde (Sesau) (Foto: Divulgação/Montagem Redação)
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