O relatório preliminar de auditoria técnica teria apontado que o aterro hoje é um verdadeiro lixão a céu aberto (Foto: Agnaldo Silva)
A gestão municipal segue em seu propósito de apontar as falhas e irregularidades encontradas na administração da Prefeitura de Camaçari. Neste início de semana, o governo municipal divulgou uma nota sobre um levantamento técnico realizado no aterro sanitário do município. Segundo a Prefeitura, o local "transformou-se numa verdadeira bomba-relógio". O relatório preliminar de auditoria técnica teria apontado que o aterro hoje é um verdadeiro lixão a céu aberto, permitindo a migração de gases e líquidos, a contaminação do solo pelo chorume que escorre do topo da célula.
O levantamento produzido pela Associação Trabalho e Cidadania traz dados preocupantes sobre o armazenamento de resíduos no local. Um dos problemas mais graves apresentados é a questão do armazenamento do lixo hospitalar. Com o incinerador de resíduos dos serviços de saúde paralisado há cerca de três meses (supostamente devido à falta de licença de operação), o lixo hospitalar está sendo armazenado indevidamente ao ser estocado por longos períodos sem refrigeração e disposto diretamente no solo.
Nesse período, a disposição de lixo hospitalar tem acontecido na célula do aterro sanitário. Os resíduos foram lançados diretamente no solo, misturado com o lixo doméstico, local onde trafegam os funcionários e cerca de 40 catadores de lixo. O trecho do relatório que dispõe sobre a presença de lixo hospitalar no aterro é assustador:
"A mistura de lixo hospitalar com resíduos domésticos é uma atividade que confere alta periculosidade, pois os alimentos contidos no lixo doméstico servem de biomassa para alimentar os microrganismos patogênicos presentes no lixo hospitalar. Considerando que são dispostas diariamente 450 toneladas de resíduos domésticos dos municípios de Camaçari, Dias D'Avila, Mata de São João e Polo Petroquímico, com 50 % de matéria orgânica, há uma disponibilidade diária de 225 toneladas passível de serem utilizadas pelos microrganismos, fato que favorece seu crescimento, aumentado os riscos à saúde dos trabalhadores e catadores de lixo", informa o documento.
No local também falta drenagem e estaria acontecendo o vazamento de chorume, contaminando o solo. "Pelo o que se pode observar, a parte do topo da célula não dispõe de sistema de drenagem de chorume, fato que favorece a percolação do mesmo para as laterais do maciço, acumulando-se nas saias do aterro. O chorume escorre por gravidade e é lançado diretamente no ambiente sem qualquer controle e/ou tratamento", afirmam os técnicos no relatório.
O levantamento aponta ainda que há grande risco de desabamentos devido à falta de compactação, à livre percolação do chorume, à pressão dos gases, e à inclinação. Segundo a nota, a gestão passada não cumpria nenhuma das 35 condicionantes mais relevantes para se obter a licença de operação do aterro.
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Prefeito averigua situação do aterro de Camaçari (Foto: ASCOM | PMC)
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