Morar na Região Metropolitana de Salvador (RMS) era um sonho antigo da funcionária pública Taísa Lacerda, 44 anos, nascida e criada na capital baiana. A busca por tranquilidade e redução de gastos mensais sustentavam a decisão de Taísa, que se mudou para Jauá, distrito de Camaçari, há sete anos. Na época, ela desembolsou um valor 50% mais barato por um imóvel na RMS em comparação ao preço pago pelo apartamento na Vila Laura. Hoje, em alguns casos, morar na Região Metropolitana pode ser 67% mais barato do que em Salvador.
Quem diz isso é Nane Brandão, corretora de imóveis e diretora da empresa Inteligência Imobiliária (Imob), responsável por organizar o tradicional Feirão de Imóveis em Salvador. Um apartamento Garden em Jaguaribe, com 156,17 m², uma suíte e duas vagas de garagem, está disponível por R$ 1.099.654,75. No bairro de Vila de Abrantes, em Camaçari, há casas a partir de R$ 329 mil, com 60m² de área construída. O modelo do apartamento utilizado na comparação é o que mais se assemelha a uma casa, opção com varanda ou terreno maior em frente ao imóvel.
“A busca por empreendimento nesta região está em constante crescimento, visto o desenvolvimento da região, infraestrutura completa e vias de acesso a diversos pontos da cidade, como praias, bares, restaurantes e grandes shoppings”, afirma Nane Brandão.
Em Lauro de Freitas, as casas estão sendo vendidas a partir de R$ 550 mil. De acordo com a corretora, as pessoas buscam imóveis na cidade porque pagam mais barato em empreendimentos similares aos ofertados em Salvador. “As pessoas optam em morar na Região Metropolitana porque elas conseguem comprar casas melhores, ter uma qualidade de vida maior e oferecer um conforto maior para a família com um preço que jamais conseguiriam em Salvador”, conta.
Na Reserva Sapiranga, localizada em Mata do São João, casas com duas suítes e piscina são ofertadas a partir de R$ 495 mil. Os imóveis têm metragens de 75m² a 195,95m² de área construída, com Garden a partir de 100m² de área verde. O Spot Barra, localizado na Barra, com área de 22,22m ², na versão Studio (sala, quarto e cozinha juntos), apresenta o mesmo valor.
Busca por tranquilidade
Nane Brandão é uma das pessoas que realizaram o movimento de sair da capital para a Região Metropolitana. Em 2020, ela vendeu o Village onde morava, em Jaguaribe, por R$ 450 mil, valor utilizado para dar entrada em uma casa em Lauro de Freitas, com o dobro do tamanho do imóvel da capital, área externa, piscina e três suítes. “Eu não conseguia comprar nada parecido em Salvador”, conta.
O preço do empreendimento e a rotina mais tranquila foram as razões que motivaram a mudança da corretora. “Minha filha estuda em uma escola de excelência, com um preço mais em conta do que se ela estudasse em Salvador. Eu consigo pagar balé, jazz e inglês para ela, com valores menores e com acessibilidade bem melhor a curta distância”, conta.
Taísa Lacerda saiu de Salvador três anos antes de Nane, em 2017, mas motivada por critérios iguais aos da corretora. Hoje, ela estima que os gastos mensais foram reduzidos em 30%. “A taxa de condomínio que pagamos em Jauá é R$ 500 mais barata do que na Vila Laura. Tudo é mais barato, desde a manutenção de carro às compras em mercadinhos de bairro”, pontua.
Além disso, a funcionária pública faz questão de ressaltar o ritmo da rotina na Região Metropolitana, caracterizado como ‘mais calmo’. “O ritmo de Salvador é muito mais acelerado. No litoral da Região Metropolitana, a rotina é mais é mais tranquila. Nos mudamos em busca dessa tranquilidade", conclui.
Esse movimento de saída da capital é um dos fatores que impulsionaram o crescimento populacional de algumas cidades baianas, incluindo Lauro de Freitas, e a redução da população soteropolitana. De acordo com o Censo Demográfico 2022, o mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Lauro de Freitas teve o 10º crescimento populacional, em termos percentuais, na Bahia, entre 2010 e 2022: um aumento 24,4%.
O levantamento também indicou que Salvador registrou uma redução de 9,6% na sua população entre 2010 e 2022. “Num contexto geral de natalidade em baixa na maior parte das grandes cidades, as migrações são um dos principais fatores para crescimentos demográficos elevados”, afirma a supervisora de Disseminação de Informações do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros.
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