Informação exclusiva sobre quebra de sigilo bancário da associação mostra também a movimentação de R$ 700 mil para o interior.
O Metro1 teve acesso com exclusividade às movimentações bancárias da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra), investigadas após denúncias de associados sobre supostos desvios de valores. No documento, foram apontadas transferências bancárias de R$ 148 mil para a conta do coordenador-geral da Associação e deputado estadual Soldado Prisco, entre 2010 e 2013. O caso é tratado com sigilo pela Justiça.
Outras movimentações atípicas também são consideradas suspeitas, como a transferência de aproximadamente R$ 700 mil para filiais da associação em cidades do interior baiano. A suspeita é que esse dinheiro tenha sido utilizado em campanhas políticas de pessoas ligadas a Prisco no interior.
As apurações começaram em 2015, após ex-servidores e colaboradores, alguns deles PMs, relatarem a falta de transparência financeira da Aspra. O caso passou a ser apurado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA).
Uma das testemunhas, que trabalhou como assessor de Prisco na Câmara de Vereadores de Salvador e na Assembleia Legislativa da Bahia, relatou em depoimento que a Aspra não possui balanço dos valores arrecadados. “Fiz dois depósitos de R$ 10 mil na conta de Prisco e ele mandava eu falar que era do salário dele, se por acaso alguém perguntasse”, diz uma das testemunhas ouvidas no processo.
Em seu relato, a testemunha afirmou ainda que presenciou o deputado, o coordenador financeiro e a chefe de gabinete saírem algumas vezes da agência do Banco do Brasil, no bairro de Porto Seco Pirajá, na capital baiana, onde fica a conta da Aspra, com quantias dentro de mochilas.
Questionada, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) confirmou a existência de denúncias envolvendo o desvio de verbas da Aspra, mas explicou que não pode passar informações, pois o caso corre em sigilo de Justiça.
Outro lado
Procurado pela reportagem, o parlamentar descaracterizou a denúncia e apontou suposta atuação do Governo do Estado no processo. “O governo do PT precisa ter mais inteligência. Não estou envolvido em Lava Jato, em roubo, em nada. Quem está envolvido é o povo do PT. Isso já morreu. Já está enterrado”, afirmou.
Ainda de acordo com o coordenador da Aspra, há, pelo menos, três semanas, a suposta denunciante tentou extorquir integrantes da associação. “Para desmascarar. Essa testemunha é usuária de drogas. Queria R$ 200 mil e não achou. Está devendo ao tráfico e pediu dinheiro. A Secretaria da Segurança está usando um usuário de drogas para extorquir um deputado. É triste essa situação”, protestou.
O parlamentar aproveitou para criticar o inquérito policial militar que investiga a conduta de militares ligados ao deputado estadual em ataques a ônibus e bancos. Para Prisco, o objetivo do MP, assim como do Governo, é desestabilizar o movimento e colocar a população baiana contra os militares.
“Já disse e repito, não temos, nem eu ou qualquer outro diretor da Aspra ligação com atos de vandalismos. Muito irresponsabilidade do órgão soltar uma nota marginalizando uma categoria que já é demais sofrida e atacada pelo sistema”. Ele reforçou que não há comprovação de que pessoas ligadas ao movimento estariam atacando prédios comerciais e viatura.
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