Ao menos duas agências bancárias foram vandalizadas na capital
Na loja Acrion, no bairro da Liberdade, em Salvador, dois manequins masculinos ostentam os únicos itens que restaram no estabelecimento, após arrombamento, na madrugada desta quarta-feira (9). Um, uma camisa azul lisa. O outro, caído ao chão, veste parcialmente um short com estampa floral que, aparentemente, por pouco não foi levado.
O ataque ao estabelecimento aconteceu por volta das 20h, nesta terça-feira (8), pouco depois que um grupo de policiais militares deliberou “greve por tempo indeterminado”. O anúncio foi de pronto negado pela Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA), que garantiu “ruas seguras”.
Mesmo assim, ao menos três agências bancárias, na Calçada, Caminho de Areia e Barros Reis, lojas na Liberdade, e outros estabelecimentos em Cosme de Farias foram vandalizados. Sem se identificar, um vendedor da Acrion disse que desde a constatação do arrombamento, apenas uma viatura foi vista na Rua Lima e Silva.
“Só vieram na hora, mas depois isso aqui ficou um caos, nenhum sinal PMs”, lembra um vendedor, que fechou a loja as 18h. Na manhã desta quarta-feira (9), o gerente da Acrion aguardava um serralheiro retirar o que restou da porta para entrar e dimensionar o prejuízo. De antemão, contudo, disse que “o seguro é insuficiente”.
Outros dois estabelecimento próximos, uma casa das Havaianas e a loja Le Biscuit, também sofreram saques. O CORREIO não conseguiu falar com representantes dos estabelecimentos, mas uma moradora contou o que viu. A Le Biscuit abriu normalmente hoje, já a Havaianas esta fechada nessa manhã.
“O moço das Havaianas estava tirando a mercadoria, acho que ia levar pra casa, mas nem ele escapou”, lamentou a professora Marisa Santos, 57 anos. Ela, que mora na Liberdade há cinco anos, disse que a comunidade ficou assustada. “Tudo isso por causa de um anúncio irresponsável de um homem que deveria estar zelando por nosso bem, e não prejuízo”. A reportagem não notou a presença de militares esta manhã.
'Para assustar'
Na agência Santander, no bairro da Calçada, o que restou da estrutura de vidro da porta de entrada foi um amontoado de estilhaços. O estabelecimento, metralhado durante a madrugada, no entanto, não teve os caixas eletrônicos danificados.
"Sinceramente, isso nem sentido faz. Como dão tiro assim e nem tentaram explodir?", indaga um comerciante. Em anonimato, ele defende que os tiros foram disparados nos vidros da agência "para assustar".
Um outro banco, na localidade da Barros Reis, também sofreu tentativa de arrombamento. Vizinho da Liberdade e próximo à Calçada, o bairro de São Caetano, também amanheceu sob os reflexos da greve parcial dos policiais militares.
Lá, as aulas até foram suspensas. A Escola Municipal Batista de São Caetano, além do Colégio Estadual Professor José Barreto de Araújo Bastos amanheceram de portas fechadas. Assim como o Carlos Alberto Cerqueira, colado com o Colégio Estadual Pedro Ribeiro - que té chegou a abrir, mas, às 10h, já havia liberado os estudantes.
Aluno do 9° ano, o estudante Vinícius Rocha, 15, disse à reportagem que estava indo para casa mais cedo "por causa da greve". Segurando firme a mochila, o adolescente disse que ia adiantar os passos até em casa, na Capelinha.
De acordo com a Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC), as aulas estão mantidas em todas as unidades. Entretanto, o órgão confirma que em algumas escolas, como o Colégio Estadual Carneiro Ribeiro Filho, na Soledade, foi registrado baixa frequência dos estudantes.
Mais arrombamentos
Diferente da Liberdade, há presença da polícia em São Caetano. A reportagem presenciou uma viatura da Base Comunitária, além de uma moto com dois PMs circulando na Estrada de Campinas, avenida principal.
Próximo à saída do bairro, ainda na Estrada, havia uma viatura do Pelotão de Emprego Tático Ostensivo (Peto), da 9ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Pirajá).
Mesmo local onde está localizada a Casas Freire, uma loja de móveis que sofreu arrombamento na noite de ontem. O gerente até confirmou que encontrou a estrutura danificada, mas disse que ainda não deu falta de eletrodomésticos e outros produtos. "Estamos checando, se limitou a dizer".
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