Oito municípios são alvo de duas operações que investigam esquema de desvio de verba pública (Foto: Margarida Neide l Ag. A TARDE)
Oito pessoas foram presas e 24 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em oito cidades da Bahia durante duas operações deflagradas nesta quinta-feira, 14, para desarticular esquemas que fraudaram licitação e desviaram pelo menos R$ 20 milhões de verbas públicas em municípios do interior.
Na primeira delas, denominada Operação Adsumus, deflagrada pelo Ministério Público estadual (MP-BA) em Santo Amaro, Lauro de Freitas, Camaçari e Salvador, cinco pessoas foram presas preventivamente (dois representantes do poder público e dois empresários) e nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos.
O esquema desarticulado envolvia fraudes em licitações, além de crimes de peculato e lavagem de dinheiro em Santo Amaro, com estimativa de R$ 20 milhões de prejuízo aos cofres públicos. O vice-prefeito do município, Leonardo Pacheco (PSB), foi preso durante a operação. Ele é suspeito de ser o articulador.
Também foram presos o secretário de Obras, Luiz Eduardo Pacheco, primo do vice-prefeito; o servidor Diego Sales, funcionário da Secretaria da Educação do município; e os empresários Roberto Santana e Paulo Vasconcelos, responsáveis pelas empresas envolvidas no esquema de fraude de licitações.
A ação teve o apoio de oito delegados, 41 investigadores e um escrivão do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado da Polícia Civil (Draco). Os detidos ficarão preventivamente por até cinco dias no Centro de Observação Penal, em Mata Escura, para não atrapalharem o prosseguimento das investigações, conforme o MP-BA. Eles são suspeitos de ter cometido crimes de fraude em licitações, peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
A segunda operação, denominada Burla, foi deflagrada em Caetité, Guanambi, Iuiú, Salvador e Vitória da Conquista pelo Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal (PF) e Controladoria Geral da União (CGU). Foram cumpridos três mandados de prisão preventiva e 15 de busca e apreensão.
Licitações
Em Santo Amaro, a suspeita do MP-BA é a de que quatro empresas - Serv Bahia e Real Locações (ambas ligadas a Paulo Vasconcelos, no setor de locação de máquinas) e Oliveira Santana e Grauthec (ligadas a Roberto Santana, no setor de construção civil) - se revezavam nas licitações. De 20 processos licitatórios milionários, 12 foram vencidos por duas delas, com resultado previamente combinado com agentes públicos.
"Parte dessas empresas tinha nomes diferentes, mas endereços semelhantes e a concentração de recursos nos mesmos sócios", disse o promotor de justiça João Paulo Schoucair, que atua em Santo Amaro. Segundo ele, esta foi apenas a "ponta de um iceberg", pois há suspeitas de que o grupo atuava também em outros municípios.
O MP-BA ainda não sabe se o prefeito de Santo Amaro, Ricardo Machado (PT), participava do esquema. "Não temos certeza nem da ausência nem da presença do prefeito", disse Schoucair. Leo Pacheco é pré-candidato a prefeito de Santo Amaro, apoiado por Machado.
Em Salvador, Lauro de Freitas e Camaçari foram apreendidos documentos e aparelhos eletrônicos, como telefones celulares e computadores. Nesses municípios estavam sediadas algumas empresas e residências dos envolvidos no esquema.
A TARDE entrou em contato com a prefeitura de Santo Amaro, por telefone e e-mail, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. A equipe de reportagem também não conseguiu contato com representantes dos empresários.
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