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Rogaciano Medeiros

Rogaciano Medeiros é jornalistaRogaciano Medeiros é jornalista

Evidentemente, o candidato mais competitivo para representar as forças democráticas e progressistas nas eleições do próximo ano é o ex-presidente Lula. Quanto a isso, não há o que discutir. As pesquisas eleitorais demonstram claramente. No entanto, a conjuntura exige análises e atitudes que levem em conta outros cenários, principalmente porque depois de 31 anos de democracia (1985-2016), o Brasil volta a conviver com a excepcionalidade, com a anarquia institucional.

As regras do jogo, a partir do impeachment, têm sido constantemente desrespeitadas e os acontecimentos recentes deixam claro que os setores ultraconservadores concentram esforços em dois objetivos. Um é inabilitar Lula, líder disparado na corrida presidencial, em completo desrespeito às leis e a vontade popular. O outro, com um grau de dificuldade bem maior, pois nem todas as elites apoiam o golpismo e mesmo entre as golpistas não há unidade, é a suspensão da eleição presidencial de 2018.

Para enfrentar a primeira hipótese, a mais provável, começa a ganhar força uma articulação encabeçada por personalidades de expressão nacional, conhecidos defensores da democracia, entre os quais se destacam o senador Roberto Requião (PMDB-PR) e o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). Esse grupo defende a montagem, o mais rápido possível, de uma segunda alternativa no campo progressista.

Claro que a prioridade é lutar para garantir a candidatura de Lula, inclusive porque alijá-lo da disputa no "tapetão" ameaça, e muito, a legitimidade do futuro governo. Legitimidade que o país tanto necessita para reencontrar a normalidade política, a economia voltar a crescer e recuperar o sentimento de nação. A última pesquisa do Instituto Paraná mostra que 62,8% dos brasileiros não enxergam ninguém para substituir Lula. Significa quase dois terços da população.

Ainda conforme a mesma pesquisa, em um cenário sem Lula, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), com 15% de preferência, assume a dianteira sobre Fernando Haddad (10,7%) e Jaques Wagner (5%), ambos do PT, para encarnar uma candidatura das forças progressistas. Está claro ser grande a probabilidade de o ex-presidente ser excluído da disputa. Afinal, deixá-lo no jogo é atirar o golpe na lata do lixo. Os golpistas podem ser tudo, menos imbecis.

Pois bem, sem Lula, que vai muito além da legenda, o PT mantém o protagonismo enquanto partido de massa, no processo político e, consequentemente, eleitoral, mas perde a preferência na indicação do nome para a cabeça da chapa das esquerdas. As duras críticas de Ciro ao PT, ultimamente, deixam a impressão de ele já ter a confirmação de que o Partido dos Trabalhadores lançará mesmo candidato próprio, com ou sem Lula. Se realmente fizer essa opção, sem um amplo debate com as demais forças, pode dividir as esquerdas, em uma conjuntura bastante desfavorável para as representações e interesses populares.

Em uma coalizão centrada em princípios programáticos, voltada prioritariamente para a estabilidade política com desenvolvimento econômico e justiça social, como o Brasil tanto precisa no momento, o partido majoritário não tem, necessariamente, de indicar o candidato, caso não disponha de um nome competitivo que justifique a indicação. Sem Lula, o PT terá de ter a responsabilidade histórica de contribuir na busca e formação da melhor e mais compatível alternativa à realidade eleitoral do momento. Em uma correlação de forças tão desigual, se fazem imperativos racionalidade e espírito público.

É claro que o partido tem ainda bons nomes, pode até consolidá-lo no processo de construção da candidatura, mas não é nada inteligente querer assumir, antecipadamente, a primazia da indicação. Afinal, a frente democrática precisa estar ajustada, unificada, com força máxima, se quiser derrotar os fortes segmentos neoliberais e fascistas que hoje detêm o controle não apenas do governo, mas principalmente do Estado, do sistema de comunicação de massa, da formação da opinião pública, ou seja, do poder. São amplamente hegemônicos.

Esse entendimento sobre o delicado momento histórico que o país atravessa, é preponderante. Seja para conferir legitimidade a um possível novo governo eleito pelas forças populares, em 2018, ou então para fortalecer a resistência democrática, na hipótese de o golpismo ter a audácia de suspender a eleição do próximo ano.

A democracia é frágil, complexa, contraditória, dialética, exige cooperação, sacrifício, diversidade, renovação, sabedoria, pois o arbítrio e a tirania, sob o disfarce sedutor do belo e da felicidade, estão sempre à espreita, prontos para dar o golpe. E esse, ao longo da história, tem sido o grande risco da democracia: degenerar para o despotismo, para a barbárie.

Rogaciano Medeiros é jornalista

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