Ele está entre os animais mais traficados do mundo
Mamífero ameaçado de extinção por conta da caça e cheio de escamas, o pangolim está sendo apontado como o animal-chave na transmissão do novo coronavírus para os seres humanos por pesquisadores da Universidade de Agricultura do sul da China. E, para conhecer mais sobre a espécie, a reportagem do Jornal do Commercio - nosso parceiro pela Rede Nordeste - conversou com o professor de Ciências Biológicas, da Universidade de Pernambuco (UPE), Filipe Aléssio.
Segundo o professor, os pangolins são mamíferos placentários da ordem Pholidota. "Atualmente, são conhecidas 10 espécies diferentes de pangolins. Essas espécies podem ser divididas em dois grupos: os pangolins africanos e os asiáticos", explica. "Quase todas as espécies possuem as mesmas características: são animais consideravelmente pequenos, com caudas compridas, focinho fino, não possuem dentes e o corpo é coberto por uma carapaça formada por inúmeros escudos [escamas]", acrescenta.
Aléssio ainda informa que o fóssil mais antigo de pangolim tem cerca de 45 milhões de anos. O biólogo diz ainda que, para se defender dos predadores, o pangolim se enrola sobre o próprio corpo, o que remete ao significado do nome da espécie, que é originário do termo malaio "peng-goling", que significa "aquele que se enrola".
Os pangolins se alimentam quase que exclusivamente de formigas e cupins. Em termos morfológicos e comportamentais, eles são muito parecidos com a nossa espécie de tamanduá, pois possuem grandes línguas finas e viscosas que auxiliam na captura de cupins. Esses animais vivem em ambientes sub-tropicais da África e do sudeste Asiático.
Curiosidades
Os pangolins são ótimos escaladores de árvores, porém, todas as suas espécies estão ameaçadas de extinção. Além disso, é um dos bichos mais traficados do mundo. Tanto em países africanos, como em países asiáticos, os pangolins são caçados para o consumo de sua carne e, principalmente, para o comércio das suas escamas. Na China é o lugar onde estas mais são vendidas. Desde 2017, o comércio internacional de pangolins foi proibido, mas, mesmo com a proibição, no mesmo ano, segundo um estudo da National Geographic, de junho de 2019, o governo chinês fez uma apreensão de mais de 11 toneladas de escamas de pangolins.
Hospedeiro do coronavírus
Atualmente, os pangolins têm sido apontados como possíveis transmissores de coronavírus, já que a sequência do genoma de nova cepa da doença separada de pangolins era 99% idêntica a de pessoas infectadas, o que indica que esses animais podem sim ser hospedeiros intermediários do vírus.
O professor Filipe Aléssio conclui a entrevista explicando que, caso seja confirmada a transmissão do coronavírus pelo pangolim, algumas motivações poderão ser apontadas. "O problema destas novas evidências é que não sabemos, ou não foram informadas pela mídia internacional, quais as espécies de pangolins foram analisadas. De toda forma, se for confirmado que o pangolim é o principal hospedeiro do coronavírus, a transmissão pode ter sido ocasionada pelo consumo da carne ou das próprias escamas do animal", finaliza.
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