SERÍSSIMO
A decisão de um presidente como Temer, que chegou ao cargo por um golpe jurídico-parlamentar-midiático, de decretar intervenção federal no Rio de Janeiro, para supostamente conter a criminalidade, pode até não resultar em ditadura militar, como muitos já preveem, mas, sem dúvida, reforça valores e conceitos antidemocráticos tão predominantes nos dias de hoje. O Brasil já vive, desde agosto de 2016, uma ditadura sustentada pelo Judiciário. O Estado de direito agoniza desde o impeachment sem crime de responsabilidade. O caso é sério.
GRAVIDADE
As reações à intervenção federal no Rio de Janeiro crescem em todo o país. O jornalista Renato Rovai diz que "entregar o poder civil às Forças Armadas pode começar aos poucos, mas dificilmente volta aos poucos e de forma rápida". O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) não tem dúvida de que haverá restrições das liberdades nas comunidades mais pobres, nas favelas. O colunista Alex Solnik acredita estar aberto o caminho para a ditadura militar. O autoritarismo avança no Brasil. A situação tem se agravado perigosamente.
COINCIDÊNCIA?
A intervenção federal no Rio de Janeiro, embora dirigida essencialmente para a segurança pública, inevitavelmente atingirá a vida política, econômica e social no Estado. Significa poder total aos militares. A decisão ocorre logo depois de os moradores da Rocinha terem espalhado faixas afirmando que "se Lula for preso o morro vai descer".
CONFLITOS
A atitude do presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de não colocar a reforma da Previdência em votação enquanto perdurar a intervenção no Rio de Janeiro, expõe o racha na base governista sobre o endurecimento do sistema. Tem mais, com a aproximação da eleição de outubro, muitos apoiadores do golpismo temem consequências negativas nas urnas. Sem falar que a ostensiva presença militar atrapalha inúmeros interesses de Maia, cujo domicílio eleitoral é justamente o Rio.
ESSÊNCIA
A resistência de influentes setores nacionais comprometidos com a democracia e a crescente pressão internacional têm segurado um pouco o ímpeto insano da extrema direita nativa, sempre estúpida e obtusa. No STF, que finge desconhecer o golpismo, começa a ganhar força a ideia da necessidade de revisão na prisão em segunda instância. Prender Lula, sem nem uma prova sequer, seria um escândalo mundial. No entanto, a luta não é só para deixá-lo livre, mas principalmente garantir o direito de ele disputar a eleição presidencial de outubro próximo. É a vontade do povo.
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A coluna Pauta Livre, de autoria do jornalista Rogaciano Medeiros, é um espaço onde ele escreve suas análises sobre a situação política nacional, dentro de uma ótica questionadora através de um ponto de vista diferente dos tradicionais veículos de comunicação. Justamente para questionar a grande imprensa, que manipula a informação e coloca a versão que lhe é conveniente como se fosse a verdade absoluta.
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