A eleição presidencial acontecerá só em 2018, mas as discussões sobre candidaturas vão se formando entre os campos de governo e oposição. Enquanto o PSDB se encaminha para decidir entre os senadores Aécio Neves e José Serra e o governador de São Paulo Geraldo Alckmin, no PT, a sucessão da presidente Dilma Rousseff vai sendo afunilada para o ex-presidente Lula. Apesar do apelo dentro do partido pela volta da liderança petista, o próprio Lula trabalha com um plano B: o ex-governador da Bahia e atual ministro da Casa Civil, Jaques Wagner.
Segundo a Coluna Esplanada, a tranquilidade de Jaques Wagner nas críticas feitas ao PT em público, chegando a dizer que a legenda “se lambuzou’’ em instrumentos anteriormente utilizados por tucanos, tem respaldo do ex-presidente Lula. Aliado de primeira hora e fundador do PT, o agora chefe da Casa Civil tornou-se o cacique com mais poder junto ao líder em baixa no atual cenário. As declarações do ex-governador repercutiram negativamente entre nomes petistas, como o ex-governador Tarso Genro (RS) e o presidente da legenda, Rui Falcão, e evidenciaram uma disputa nas entranhas do partido.
Ainda segundo a coluna, Wagner já era o “reserva’’ de Lula em 2010, quando o líder escolheu Dilma Rousseff para sucedê-lo. O presidente o deixara de sobreaviso caso Dilma não emplacasse. Atualmente, o petista que governou a Bahia por oito anos estaria sendo motivo de ciúme, como mostrou o comportamento de Tarso Genro. O gaúcho sonhava ser o escolhido de Lula, enquanto Falcão deixou de ser o homem dos conselhos ao ex-presidente Lula, função que passou a ser desempenhada também por Wagner. Em sua passagem pela Bahia em outubro do ano passado, o ex-presidente Lula revelou que não tem muita vontade em disputar a eleição presidencial em 2018.
“Eu gostaria que não fosse eu o candidato outra vez. Gostaria que fosse uma pessoa mais nova, mais competente”, defendeu o petista. “Para governar esse país tem que ter força de vontade. Não é ficar em Brasília assinando decreto e recebendo deputado e senador, é ir para a rua conversar com o povo, é conhecer o Nordeste brasileiro, conhecer a seca desse país”, descreveu o ex-presidente à imprensa baiana na ocasião. Nos bastidores em Brasília, petistas apostam forte na possibilidade de Wagner enquanto plano B. A estratégia depende do andamento da Operação Lava Jato, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras e pode respingar em grandes nomes do Palácio do Planalto.
Petistas baianos temem antecipação do debate
Os petistas baianos encaram a possibilidade de ver Jaques Wagner no centro da disputa de 2018 com cautela. O motivo é que caso isso se materialize ainda em 2016, o ex-governador da Bahia passará a ser o alvo de ataques da oposição. “O ex-governador é hoje a pessoa com capital político mais forte. Foi governador por dois mandatos com boa avaliação, ganhou duas eleições em primeiro turno, então tem excelente capital político, além da habilidade de articulação que possui. Está tendo a oportunidade de mostrar ao país o que a Bahia já conhece, que é a sua capacidade política”, disse o deputado federal Jorge Solla (PT), que ressaltou ser cedo para tratar de 2018.
Afonso Florence, líder da bancada do PT baiano na Câmara Federal, também diz que não é o momento para debater o pleito presidencial, mas que Wagner é também “plano A”. “Temos que sepultar a crise política, sair da crise econômica, passar das eleições de 2016 e aí poderemos avaliar o cenário futuro. Acho que Lula é um nome natural, foi um dos presidentes mais bem-sucedidos do Brasil. Agora, Wagner não é plano B. Ele tem estatura para ser candidato, então é A também. Só que ele não está posto, não podemos colocar o carro na frente dos bois. Esse não é o nosso foco. A grande missão de Wagner é contribuir para que esse país saia da crise, ganhe estabilidade institucional. Mas eleição não está posta agora”, ressaltou.