O soldado da Polícia Militar Edson dos Santos Trindade, 37 anos, matou a namorada, Ekelânia Faro de Menezes, 29, com um tiro no pescoço dentro do apartamento onde ele mora, no bairro do Trobogy. Após o crime, Edson ligou para a polícia e disse que o disparo foi acidental. O corpo da vítima foi encontrado na madrugada de ontem.
De acordo com o Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), o casal frequentava o curso de Direito em uma faculdade particular na Avenida Paralela e namorava há cerca de cinco meses, segundo informações de uma irmã do policial militar.
A Polícia Civil disse que o crime teria acontecido após uma discussão do casal. Moradores do Conjunto Residencial Trobogy, onde o PM mora, relataram que viram Edson entrando em casa, no apartamento 02 do Edifício Manajé, com uma mulher, entre 19h30 e 20h30 de anteontem. “Ela era loira e usava uma blusa amarela e short jeans”, disse um morador do prédio vizinho, que não se identificou por questão de segurança.A perícia trabalha, ainda segundo o DHPP, com a possibilidade de que o crime tenha acontecido, possivelmente, entre 13h e 15h de anteontem, devido ao estado avançado de rigidez do cadáver.
O corpo de Ekelânia foi localizado por volta de 1h30 de ontem por policiais militares, dentro do segundo quarto do apartamento. Vizinhos relataram não terem ouvido disparos, mas uma moradora de um prédio próximo afirmou ter escutado um único tiro, às 22h. “Pensei que fosse fogos. Fui à janela e não vi nada. Horas depois, acordei com a movimentação de policiais no andar térreo do prédio vizinho”, contou a moradora.
PM avisou colegas
Segundo informações do DHPP, Edson ingressou na Polícia Militar em 2008. O soldado está lotado na 40ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Nordeste de Amaralina). De acordo com a Polícia Militar, foi o próprio Edson quem ligou para a Base Comunitária de Segurança (BCS) do Nordeste de Amaralina avisando do crime. Policiais da BCS estiveram no local, mas já encontraram a vítima morta. A Polícia Militar confirmou a informação de que a BCS do Nordeste de Amaralina foi acionada e esteve no local.
Os vizinhos de Edson contam que cerca de dez policiais militares, em três viaturas, chegaram ao condomínio de madrugada, perguntando se alguém havia ouvido disparos de arma de fogo.Um outro morador de um prédio próximo à cena do crime disse que estranhou a presença dos policiais e saiu para ver o que tinha acontecido, quando foi abordado por um deles. “Ele perguntou se eu tinha escutado um tiro. Disse que não. Então, ele disse que um PM ligou para a polícia avisando que tinha matado acidentalmente uma mulher com um tiro no pescoço”, relatou.
Foragido
O policial militar está foragido. O carro dele, um Crossfox preto, não foi encontrado no local. A arma do crime também não foi localizada. Em nota, a PM lamenta o ocorrido e garante estar reunindo esforços para localizar Edson.
O CORREIO entrou em contato com a Corregedoria da Polícia Militar, mas nenhum representante do órgão foi localizado para comentar se o PM já respondia a algum Processo Disciplinar Administrativo (PAD). Vizinhos descrevem o policial como uma pessoa agressiva e violenta.
O caso está sob investigação do delegado Marcelo Sansão, coordenador da 2ª Delegacia de Homicídios (DH/Central). Segundo o DHPP, policiais estão à procura de imagens de câmeras de vigilância e testemunhas.
O corpo da vítima foi encaminhado para o Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IML), nos Barris, mas até o final da tarde de ontem não havia sido reconhecido por nenhum familiar.
De acordo com a assessoria do IML, o corpo permaneceria como ignorado e era aguardada a chegada de um familiar.
Estudante de direito
Por telefone, uma irmã da vítima disse ao CORREIO que Ekelânia cursava o 7º semestre na Unijorge e morava no Edifício Tribeca, do Condomínio Manhattan Square, em frente à Unijorge, na Avenida Paralela. Procurada, a Unijorge, por meio de assessoria de comunicação, não confirmou se autor e vítima eram alunos da instituição.
PM é descrito como violento
Segundo vizinhos do policial militar, Edson Trindade tinha um comportamento agressivo e violento. Há cerca de um ano, o PM deu um tapa no rosto de uma moradora do Conjunto Residencial Trobogy, onde morava. “A discussão foi por causa de um mau cheiro que vinha do apartamento dela. Ele chegou a apontar uma arma na cabeça dela”, relatou um morador do condomínio. A queixa da agressão foi registrada na 10ª Delegacia (Pau da Lima).
Já uma outra moradora contou que Edson tinha um temperamento forte e andava armado. “Não aceitava que ninguém discordasse dele e sempre andava com uma arma na cintura para intimidar as pessoas”, contou uma mulher. O policial era visto como uma pessoa introspectiva. “Ele não tinha amizade com ninguém. Era muito na dele. Não ficava na rua. Quando passava, falava quando queria”, disse outro morador que pediu anonimato.
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