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Omar Bin Omran, após ser encontrado pela polícia na Argélia. Créditos: Promotoria de Justiça da Argélia Omar Bin Omran, após ser encontrado pela polícia na Argélia. Créditos: Promotoria de Justiça da Argélia

Omar Bin Omran tinha completado 19 anos em 1998 e vivia com sua família na cidade de El Guedid, na Argélia, país árabe do Norte da África. Àquela altura, aliás, a Argélia atravessava uma terrível guerra civil e os dias não eram dos melhores. Foi então que Omar desapareceu sem deixar qualquer rastro.

 

Com o país no verdadeiro caos, em meio aos tiros e bombas lançados pelo governo secular e grupos islâmicos fundamentalistas, que embate durou uma década, a família do rapaz passou a acreditar que ele estava entre os milhares de mortos e desaparecidos resultantes do devastador conflito. Viveram por anos o drama da incerteza e o sofrimento de uma perda nunca confirmada. Passados 26 anos, a tristeza seguia, mas a ausência de Omar era um luto, digamos, superado.

Mas o rapaz, agora um homem de 45 anos, não morreu. Tampouco foi para outro país, ou feito de refém pelos atores da guerra civil. Ele estava num cubículo, espécie de sótão, escavado embaixo de um palheiro, na casa de um vizinho, menos de 200 metros da residência onde vivia com a família. Esteve lá todo esse tempo, todos os dias por mais de duas décadas e meia.

O problema todo teria começado por causa de uma briga por herança. Um homem que hoje tem 61 anos e que vive ao lado da propriedade onde mora a família de Omar, com quem tem laços de parentescos, por causa da divisão de bens, sequestrou o jovem em 1998 e o colocou em cativeiro no “buraco” por onde permaneceu durante 26 anos. Ele disso para a vítima, à época do rapto, que ele estava sob feitiço e que nada que fizesse o tiraria dali.

Confuso e assustado, Omar por ingenuidade acreditou na história e permaneceu por todo esse tempo no cativeiro. Ele contou às autoridades que por anos via por uma fenda no sótão sua família passar ao longe, mas que jamais tentou contato, gritando, por exemplo, pois “estava enfeitiçado”. Ele sequer soube da morte de sua mãe, em 2013.

A Polícia de El Guedid tomou conhecimento do sequestro após uma denúncia anônima feita à Promotoria de Justiça, narrando a situação e dando coordenadas exatas para a localização do homem sequestrado. Ao chegar ao lugar e encontrar a vítima, numa operação realizada na manhã de 12 de maio, o proprietário da casa acabou sendo preso e segue à disposição das autoridades.

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