Todo fracasso gera um vilão. A desclassificação do Brasil na Copa da Rússia transformou o astro da Seleção, Neymar, no alvo fácil da vez.
As quedas e ‘rolagens’ em campo do jogador foram condenadas e ironizadas pela imprensa planetária e nas redes sociais. A fama de ‘cai-cai’ ofuscou o talento.
O atacante ficou com imagem ainda pior entre os jornalistas brasileiros por se manter calado desde o fim da partida contra a Bélgica. A única manifestação foi no Instagram, onde ele está prestes a ter 100 milhões de seguidores.
“Posso dizer que é o momento mais triste da minha carreira”, escreveu. “Difícil encontrar forças pra querer voltar a jogar futebol, mas tenho certeza que Deus me dará força suficiente pra enfrentar qualquer coisa.”
O post já teve quase 6 milhões de curtidas. O comentarista Casagrande, da Globo, não deu ‘like’.
“Falar via Instagram é fácil e pouco significa”, registrou o ex-jogador em sua coluna no site da revista GQ, da Editora Globo. “Quem quer liderar, precisa estar presente também nas horas difíceis e saber se portar diante das cobranças.”
Não é de hoje que Casão faz cobranças duras a Neymar – e agora ele é praticamente uma voz solitária na Globo. A emissora decidiu poupar a estrela do PSG nessa ressaca da frustrante campanha pelo hexa.
Até Galvão Bueno, que deixou de ser o melhor amigo do jogador após sucessivas críticas, adotou um discurso ameno em relação ao desempenho do jogador e sua postura com a imprensa.
Neymar é uma figura importante para o canal carioca. Ele estrela campanhas milionárias de grandes anunciantes e namora uma das jovens estrelas da teledramaturgia global, Bruna Marquezine.
Durante algum tempo, o próprio jogador foi contratado da emissora. O acordo previa acesso especial das equipes de reportagem a fim de produzir conteúdo exclusivo para o entretenimento e o jornalismo da empresa da família Marinho.
Cedo ou tarde, Neymar vai sair do isolamento para falar diante de uma câmera de TV. A Globo, obviamente, quer ser o veículo escolhido. Prevê-se que seu primeiro desabafo após a Copa renda ótimo índice de audiência. ‘Bater’ nele não é, definitivamente, um bom negócio.
Esse caso mostra como é confusa a relação da mídia com as celebridades do futebol. Na maioria do tempo, os jogadores são incensados exageradamente. A TV estimula a glamourização, a idolatria e a empáfia.
Mas basta um deslize para que o tratamento hollywoodiano seja substituído por uma artilharia de críticas. E quando o ídolo desdenha a imprensa, a situação fica ainda mais tensa. Afinal, o ego dos jornalistas não é menor que o ego dos jogadores.
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