Está circulando nas redes sociais um vídeo um tanto inusitado: a secretária de Saúde de Porto Seguro, Dr.ª Raíssa Soares, aparece dando uma rápida aula ao prefeito de Camaçari, Elinaldo Araújo (DEM), sobre como fazer frente ao coronavírus e diminuir a mortalidade na cidade. De acordo com ela, a mensagem foi enviada a pedido de empresários e outros cidadãos que solicitaram sua ajuda.
“Olha prefeito, eu gostaria de te incentivar a ousar aplicar o tratamento com a abordagem preventiva às pessoas que são vulneráveis, as pessoas todas que estão em contato com paciente covid; estabelecer no seu município tratamento com abordagem imediata. Usar no seu município abordagem preventiva, tratamento imediato, estabelecer os Centros Covid, acompanhando esses doentes sistematicamente a cada dois ou três dias com equipes treinadas e vacinando a população. As cinco armas que te ajudam a controlar a doença, a evitar mortalidade, a evitar internação”, enumera ela.
Raíssa, que assim como o secretário de Saúde de Camaçari, Dr. Elias Natan, é médica e esteve trabalhando, também, na linha de frente de combate à covid durante um período da pandemia. No vídeo, ela não cita o colega médico e secretário em nenhum momento, sempre se dirigindo ao prefeito.
Ainda de acordo com ela, para adotar o mesmo protocolo aplicado em Porto Seguro, não é necessário uma estrutura grande. “Você prefeito não precisa de muitos médicos, você precisa de alguns médicos que vão adotar o protocolo e ofertar à população a possibilidade do tratamento imediato, a medicação que é disponibilizada nos postos e nos Centros Covid e você vai ver que a sua cidade vai ter os números controlados.. Você prefeito, muda a história da sua cidade”, finaliza ela.
Receita do sucesso?
Raíssa Soares tem ganhado destaque na mídia nacional e já concedeu algumas entrevistas em grandes redes de comunicação de outros estados, para apresentar o que ela chama de “5 armas contra a Covid”. De acordo com ela, o mais importante no combate à doença é reduzir a ação do vírus logo nos primeiros sintomas e acompanhar os pacientes de perto, para oferecer a internação o mais cedo possível para casos que evoluírem de forma grave.
Em uma dessas entrevistas, concedida à NSCTV, a maior de Santa Catarina, no início de março, ela declarou que existem mais opções de tratamento contra covid-19, além das famosas ivermectina, azitromicina e hidroxicloroquina. “Nós temos um espectro de 10 a 12 medicações contra covid-19. Isso não é Raíssa falando; isso são publicações científicas que comprovam que quando você usa precoce você tem resultado e as pessoas não morrem”, enfatizou ela, afirmando que Porto Seguro não é a única cidade a ter resultados aplicando tratamento preventivo e inicial.
Ainda de acordo com Soares, no atual momento da pandemia, é preciso que a classe médica esteja unida para que a população se sinta segura em aceitar os tratamentos que ela defende. “Nosso foco tem que ser as pessoas. Nós estamos falando de uma doença que mata e já morreram mais de 250 mil pessoas nesse país. O discurso agora tem que ser de coesão, de união entre partidos, união entre governos, união do judiciário em defesa das pessoas. Toda vez que tem uma discussão sobre isso ou alguém atacando nós, os milhares de médicos que fazemos intervenção imediata, a população fica insegura. As pessoas precisam parar de atacar, porque elas não têm outra opção para oferecer para as pessoas e nós temos, fazemos com resultado, as pessoas não morrem e as pessoas são agradecidas por isso”, finalizou ela, na mesma entrevista.
Precoce ou inicial?
Os termos “tratamento precoce” e “tratamento inicial” têm gerado confusão entre a população, mas, na verdade, a diferença entre eles está no tempo de aplicação. O tratamento precoce é uma abordagem preventiva, feita antes mesmo de a pessoa ter suspeita de contágio; o objetivo é evitar que ela seja afetada pelo vírus. Já o tratamento inicial é tem o objetivo de reduzir o avanço da doença e é feito assim que ocorre o diagnóstico, já nos primeiros sintomas.
Ambos são o centro de uma polêmica cada vez maior no Brasil, dividindo a classe médica e científica: de um lado, aqueles que condenam o uso de ivermectina, azitromicina, hidroxicloroquina e outras drogas, por entenderem que nenhuma delas oferece proteção contra covid-19, além de trazerem riscos para a população, dependendo da forma que forem utilizadas.
Na outra ponta está um número cada vez maior de médicos que afirmam que o uso desses medicamentos, da forma que eles consideram correta, tem evitado internações e salvado vidas. No meio desse debate, uma população que não é educada cientificamente, que acredita fácil e fake news e que acaba se expondo a grandes riscos, na ânsia de proteger sua família. Um exemplo dessas fake news é a nebulização com hidroxicloroquina, que até então não foi defendida seriamente por nenhum profissional médico.
Os números mentem?
Polêmicas à parte, o fato é que as estatísticas da covid-19 em Porto Seguro são realmente melhores que as vistas em Camaçari, em números reais. De acordo com o boletim publicado pela prefeitura da cidade em 30 de março, a primeira capital do Brasil acumula 131 óbitos desde o início da pandemia, além de 121 pessoas em isolamento e 19 internados, ou seja, 140 casos ativos. Nas últimas 24h foram confirmados 03 óbitos.
Em Camaçari, não houve confirmação de óbito no dia 30 de março. No entanto, a cidade tem 319 óbitos acumulados desde o início da pandemia, sendo 104 registrados apenas em março. Além disso, a cidade tem 1.565 casos ativos.
Comparando os dados, fica a pergunta: os números mentem?
Vídeo da entrevista à TV Bahia
Veja também:
TRATAMENTO ALTERNATIVO: Prefeito médico endossa eficácia de remédios contra covid
PRECOCE: Mais um médico defende ivermectina contra Covid-19
Clique aqui e siga-nos no Facebook
< Anterior | Próximo > |
---|