Criminosos pretendiam realizar um roubo em série, aponta investigação
A investigação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) aponta que as quatro vítimas da chacina na Mata Escura, todas motoristas de aplicativo, foram brutalmente mortas após duas delas reagirem a ação dos bandidos. A apuração constatou que os bandidos, todos da facção Bonde do Maluco (BDM), pretendiam realizar um roubo em série. Dois motoristas entraram em luta corporal com os criminosos – ambos fugiram pela mata, mas um foi capturado.
“Foi aí que decidiram matar todos. Primeiro espancaram, depois aplicaram golpes de facão e, por último, atiraram. Inicialmente, a intenção era só roubar os carros, celulares e dinheiro dos motoristas para fazer dinheiro da facção. Mas não contavam com a reação de duas das vítimas”, declarou o delegado Odair Carneiro, da Delegacia de Homicídios Múltiplos (DHM), uma divisão do DHPP.
Socorro à mãe
No entanto, uma outra versão aponta que as mortes foram uma vingança do traficante Jeferson Palmeira Soares Santos, o Jel, líder da facção Bonde do Maluco (BDM) na comunidade Paz e Vida, local da chacina. O motivo estaria relacionado ao fato de um motorista de aplicativo ter se recusado a entrar na comunidade, construída no fundo do Complexo Penitenciário da Mata Escura.
Nas primeiras horas após o crime vir à tona, o presidente do Sindicato de Motoristas por Aplicativos da Bahia (Simactter-BA), Átila Santana disse que o Coroa, como também era conhecido Jel, ficou revoltado porque a mãe dele passava mal e acionou motoristas até a comunidade de Paz e Vida, que por sua vez recusaram devido à insegurança no local, e a idosa acabou socorrida por vizinhos. Então, ainda de acordo com Santana, Jel determinou uma emboscada para matar o maior número de motoristas de aplicativos.
Questionado sobre essa versão, o delegado Odair Carneiro negou.
“Nos autos não constam essa versão. O que temos é que era para ser um roubo coletivo, que o fato morte não estava nos planos dos criminosos e que isso se deu por que houve reação por parte das vítimas”, comentou o delegado.
Carneiro disse que chegou à conclusão após ouvir testemunhas, coletar provas e ouvir o depoimento da travesti Benjamin Fraco da Silva, a Amanda, 25, uma das pessoas envolvidas no crime. Ela foi presa no bairro do Alto Peru.
“Amanda faz parte da facção. Um dia antes da chacina, ela e outros da facção roubaram um celular na Estação Pirajá. O aparelho foi usado para atrair a primeira vítima. Foi ela quem levou as vítimas para a comunidade. Ela também foi quem tomava conta do cativeiro e participou do espancamento das vítimas”, contou o delegado.
Durante a apresentação, a travesti Benjami confessou sua participação. “Fui obrigada a levá-los para lá e a bater em um deles. Precisava de dinheiro. A gente queria apenas roubar”, contou ela durante entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (27), no prédio sede do DHPP, no final de linha da Pituba.
Segundo a investigação, cinco pessoas participaram das mortes. Dois deles, Antônio Carlos Santos Carvalho e Marcos Moura de Jesus, morreram em confronto com equipes da 81ª Companhia Independente da Polícia Militar, em Itinga, na noite do crime.
Os outros dois, um adolescente de 17 e o Jel foram encontrados mortos dias após a chacina em locais distintos. “Após o crime, Jel e o adolescente buscavam refúgio em outras áreas de domínio da facção, mas foram mortos pelos próprios integrantes que não admitiram a brutalidade com os trabalhadores”, explicou o delegado Odair Carneiro.
Mas, ainda durante a coletiva, a travesti disse que foram sete participantes da chacina, e não cinco como foi dito pela polícia. As outras duas pessoas são também travestis. “Uma conheço porque andávamos juntas. E o outro não conhecia, mas também era travesti”, disse.
Questionado, o delegado Odair Carneiro respondeu: “Ela está mentido. Na verdade essas duas pessoas são desafeto dela e por isso quer incriminá-las”, explicou.
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