Política

Segundo o AtlasIntel, ACM Neto (UB) foi ultrapassado por Jerônimo (PT), quando este é associado a Lula (Foto: Divulgação/Ricardo Stuckert)

Sondagens dos institutos AtlasIntel e Datafolha podem parecer discrepantes, mas convergem neste aspecto

A divulgação, na quarta-feira, 24, de duas pesquisas de intenção de voto evidenciou as diferenças de metodologia entre institutos de consulta da opinião pública. Mas, o que pode parecer discrepância, na verdade não passa de uma questão de abordagem.

A pesquisa AtlasIntel, contratada pelo grupo A TARDE, apresentou uma tendência fora da curva de intenções de voto registrada pelos demais institutos, mais conhecidos da mídia e do público em geral. A presença de Jerônimo Rodrigues, do PT, na liderança, pela primeira vez na corrida eleitoral, surpreendeu os analistas políticos.

Ao longo do dia, os números do Datafolha, em pesquisa encomendada pelo Grupo Metrópole, reforçaram a projeção de vitória de ACM Neto (União Brasil) no primeiro turno. A liderança do ex-prefeito de Salvador seria de 54%, 19 pontos acima da estimativa apurada pelo Atlas. De outro lado, Jerônimo ostenta no Datafolha 16%, 22 pontos menos que na pesquisa publicada pelo grupo A TARDE.

Para Andrei Roman, cientista político e executivo-chefe da AtlasIntel, a diferença está na metodologia utilizada em cada apuração e, mesmo os dados presentes nos demais institutos, confirmam o equilíbrio identificado entre os dois principais candidatos ao governo da Bahia. Segundo Roman, a discrepância se justifica pela ausência de cruzamento entre as preferências do eleitorado para a presidência e a influência desse voto na disputa local.

“Ao contrário da eleição para presidente, onde os candidatos são muito conhecidos, no contexto das corridas para Governador o grau de conhecimento dos candidatos é muito mais reduzido”, diz o cientista.

A avaliação confere com a abordagem do Datafolha, segundo a diretora do instituto, Luciana Chong. Ela explica que o levantamento é conduzido com a apresentação de nomes sem associação de partido ou de “padrinhos” que seriam os candidatos à presidência.

Em contrapartida, quando o Datafolha indaga o quanto o apoio de um presidenciável ou de um partido determina o voto “com certeza” em um dos postulantes ao governo estadual, o resultado aponta 42% de vinculação do voto ao apoio do ex-presidente Lula e 38% de votos em um candidato do PT.

O mesmo acontece com o instituto Quaest, que já no último levantamento havia apontado uma aproximação de Jerônimo em relação a Neto, que mantinha vantagem de 5 pontos (43 a 38) em julho. Quando o mesmo instituto pergunta quanto o apoio de outras lideranças interfere no voto, Lula (44%) e o Governador Rui Costa (27%) demonstram grande potencial de transferência de votos. O instituto Paraná não realiza a sondagem dos votos a partir do apoio de padrinhos ou partidos.

“Muito barulho”

A variação do percentual de intenções de voto com ou sem apoios declarados reforça a tese de Roman de desconhecimento dos candidatos. “Quando você faz uma pesquisa e apenas apresenta nomes, o grau de conhecimento dos candidatos vai impactar nos resultados. Por quê? Porque existe uma nítida intenção do eleitor de apoiar na eleição para Governador o candidato do grupo político que ele sempre defendeu”, conclui o executivo da AtlasIntel.

Diante desse cenário, o início do horário eleitoral pode promover uma mudança de tendência nos próximos levantamentos. Para ele, a comparação dos números e o questionamento gerado pela distância em relação às previsões dos demais institutos é “muito barulho por nada”. Ele prevê, para as próximas pesquisas, uma convergência entre as tendências  “A gente vai ver no final que pesquisa se aproxima mais”, projeta Roman, demonstrando confiança nas projeções da AtlasIntel.

Alcance

Além da metodologia de cruzamento das intenções de voto para presidente e governador, outra diferença entre os institutos diz respeito ao método de coleta dos dados e o alcance da pesquisa. O Datafolha ouviu 1.008 eleitores em 63 municípios, de forma presencial.

O AtlasIntel utiliza o RDA (relatório digital aleatório), com a geração de links únicos e não reutilizáveis, e foi realizada junto a 1,6 mil eleitores de 332 municípios, com um sistema de calibragem que atribui pesos diferentes de acordo com a renda domiciliar, além dos critérios de escolaridade, faixa etária e sexo.

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