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'Acabou a escuridão. Viva a democracia', afirma Pamela Silva, viúva do guarda municipal Marcelo Arruda, assassinado por um bolsonarista em Foz do Iguaçu (PR), em julho (Foto: Christian Rizzi/UOL)'Acabou a escuridão. Viva a democracia', afirma Pamela Silva, viúva do guarda municipal Marcelo Arruda, assassinado por um bolsonarista em Foz do Iguaçu (PR), em julho (Foto: Christian Rizzi/UOL)

No restaurante de um camping de Foz do Iguaçu (PR), Pamela Silva, 39, acompanhou atentamente a apuração do segundo turno das eleições presidenciais neste domingo (30), ao lado dos filhos Helena, 6, Pedro, 5, e de partidários do PT.

Companheira do guarda municipal Marcelo Arruda, tesoureiro do partido assassinado na própria festa de aniversário por um policial bolsonarista, ela pulou de alegria quando se cravou a certeza da vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Acabou a escuridão. Viva a democracia", vibrou.

Para Pamela, a vitória de Lula deve facilitar o desenrolar do processo do marido que está em trâmite. A família aguarda com ansiedade a decisão da Justiça quanto às próximas etapas do processo — ainda não foi definido se Jorge Guaranho, responsável pelos disparos que tiraram a vida de Marcelo na noite de 9 de julho, irá ou não a júri popular.

Enquanto os petistas e amigos de Marcelo vibravam com a vitória, em outro bairro da cidade, no Jardim Petrópolis, um rapaz também transbordava felicidade acompanhando a apuração pela televisão. Filho do primeiro casamento de Marcelo, Leonardo de Miranda Arruda, 26, diz que o resultado das urnas significa o fim do ódio e a paz entre as pessoas. "Não precisamos de violência."

Para a família de Marcelo, a vitória de Lula tem um significado especial em uma cidade que é reduto bolsonarista. No segundo turno, o presidente Jair Bolsonaro (PL) teve 66,18% dos votos, contra 33,82% do petista.

'Questão de justiça'


Amigos e familiares de Marcelo se prepararam para o momento especial que seria o segundo turno. Eles encomendaram 200 camisetas de várias cores com a imagem de Marcelo na frente e o número 13, de Lula, atrás. Praticamente todas foram vendidas, inclusive para pessoas de outras cidades que não conheciam o petista e as pediram pelas redes sociais, diz Pamela. Cada pessoa contribuiu com o valor que podia.

Debaixo de chuva, ela votou pouco depois das 13h, no Colégio Anglo. Levando Pedro, o bebê de colo do casal que completou cinco meses hoje, ela vestia uma camisa verde e amarela estampada com o rosto de Marcelo. "Sinto como se fosse uma questão de justiça. Essa era a luta dele."

Ao vestir a camiseta, Pamela conta que sentiu uma reação de rejeição por parte de algumas pessoas e receptividade por parte de outras.

Leonardo votou por volta das 12h30 na Escola Estadual Mariano Paganoto, no Jardim Petrópolis. Ele estava acompanhado do irmão, Heitor, 16, que votou pela primeira vez, e a mãe, Alexandra, 49.

Ele lembra que o pai nunca escondeu o posicionamento político e tinha respeito por quem pensava diferente. A camiseta, diz, foi uma forma de homenagear o pai. "Por causa de um discurso de ódio ele não está mais entre nós e não pode exercer o direito do voto."

Leonardo Miranda de Arruda, filho de Marcelo Arruda, homenageou o pai ao votar no Paraná (Foto: Christian Rizzi/UOL)Leonardo Miranda de Arruda, filho de Marcelo Arruda, homenageou o pai ao votar no Paraná (Foto: Christian Rizzi/UOL)

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