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Economia

Combustível ficou mais caro, a carne, o arroz, o óleo, e, agora, também a conta de luz (Foto: Reprodução)Combustível ficou mais caro, a carne, o arroz, o óleo, e, agora, também a conta de luz (Foto: Reprodução)

Tarifa é a mais cara desde 2011

O combustível ficou mais caro, a carne, o arroz, o óleo, e, agora, também a conta de luz. Na última terça-feira (29), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) fez um reajuste de 52% no valor da bandeira tarifária vermelha 2 - a mais alta. Ela passou de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 kWh consumidos. O valor já passa a valer em julho e deve continuar até novembro, segundo a Aneel.

A diretoria da agência decidiu também novos valores para as outras bandeiras. A amarela ficará de R$ 1,874 a cada 100 kWh; a vermelha patamar 1, de R$ 3,971 a cada 100 kWh. O último reajuste do sistema de bandeiras tarifárias foi feito em 2019.

Na casa do pedagogo Glauco Chalegre, 42, que mora no Cabula, tudo já foi feito para reduzir os custos com a energia elétrica - desde usar menos a máquina de lavar até tomar banho frio. As roupas, que eram lavadas todos os dias, agora só três vezes na semana. A secagem, que também era feita pela máquina, fica agora por conta do vento.

“A gente vem tentando vários processos de economia, desde o ano passado. Ar condicionado não ligamos há alguns meses, tanto que um deles até queimou e nem me preocupei em consertar. Também me acostumei a tomar banho frio e todo mundo aqui em casa acabou entrando na onda. Virou luxo tomar banho morno”, conta Chalegre.  

Com essas medidas, o pedagogo conseguiu reduzir a conta de luz de R$ 400 para R$ 230, ou seja, quase 50%, nos últimos seis meses. Se, de um lado, há redução no consumo, há, do outro lado, aumento de custos. De acordo com dados da Aneel, a tarifa média cobrada pela Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba) é a maior dos últimos 10 anos. Agora, a tarifa média, que soma a tarifa residencial e das indústrias, custa R$ 619,57/MWh. Em 2011, ela custava R$ 382/MWh e, em 2013, chegou a custar R$ 293,27/MWh - veja todos os valores no final da matéria.

“Mesmo com os aumentos que tiveram esse ano, a gente conseguiu reduzir o consumo e vem segurando as contas. Mas, ao mesmo tempo, o governo vai jogando a conta de lá para cima. Espero que eles tenham bom senso e evitem novos aumentos, porque, com a pandemia, houve muita redução de renda da população”, sugere.  

Além dele, outras quatro pessoas moram na casa – a esposa, os dois filhos e a sogra. Segundo o pedagogo, a conta de luz representa cerca de 6% dos custos da família. A economia na energia elétrica está indo para pagar outras contas, como a do cartão de crédito.   

Para a publicitária Catarina Neres, 34, o aumento da conta de luz é desesperador. Ela pagava cerca de R$ 100-130 antes da pandemia e passou a pagar R$ 250, mesmo com a adoção de várias medidas para economizar. Ela é daquelas que guarda todas as cobranças da Coelba em uma pasta e compara mês a mês.  

“O aumento é desesperador, não tem outra palavra para definir. Já tem um tempo desde que a gente começou a mudar os hábitos em casa completamente. São dois banheiros aqui, mas só usamos um, o chuveiro fica desligado, para evitar banhos simultâneos e muito longos”, revela Catarina.  

Ela mora com o marido e nenhum dos dois liga o ar-condicionado. O pai dela até quis dar um para colocarem no quarto, mas a publicitária recusou. “Sempre quis ter, mas unca coloquei. Quando meu pai ofereceu, disse: ‘não, obrigada’, porque, se tiver, gera costume e, se gera costume, ia dar mais custos na conta”, narra.  

Catarina também deixa todos os eletrodomésticos, como o fogão, e o carregador de celular fora da tomada, para evitar o mínimo consumo de energia. “Eles só ficam na tomada se tiverem em uso e faço tudo o possível para reduzir. Aqui em casa já tem um mote que é que ninguém é sócio da Coelba”, brinca. Assim como Glauco Chalegre, ela passou a usar a máquina de lavar somente uma vez na semana.  

Na pandemia, os dois enteados passaram a morar com ela duas semanas por mês, o que fez aumentar os gastos. A mudança de casa também encareceu as contas, além do home-office. “As crianças começaram a passar mais tempo conosco e comecei a trabalhar em casa, o que tem um ônus muito grande, porque são 24 horas em casa, com o computador ligado”, afirma.  

A publicitária ainda diz que a conta de luz corresponde a 20% do custo total do mês e só perde para a alimentação. Seu salário chegou a diminuir 15% com a pandemia da covid-19, mas, no final do ano passado, regularizou. “Meu medo da conta aumenta é constante, porque o orçamento não tem sobra. Se aumenta mais de um lado, tem que tirar de algum lugar”, desabafa.  

Brasil vive maior crise hídrica dos últimos 91 anos

O economista Guilherme Dietze, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA), explica que o aumento de mais de 50% na bandeira vermelha 2 se deve ao baixo nível nos reservatórios de água das hidrelétricas brasileiras.  

“Como o nível está muito baixo, principalmente no Sudeste e Centro-Oeste do país, onde estão os grandes reservatórios de energia elétrica do Brasil, força o ligamento das termelétricas, que gera um custo mais elevado da produção de energia”, esclarece Dietze.

A baixa nos reservatórios se deve à seca vivida na região, pelo baixo período de chuvas. Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), é a pior crise hídrica do país, desde o início da série histórica, há 91 anos.  

“A quantidade de chuvas afeta a geração de energia no Brasil, porque 65% da produção de eletricidade do parque gerador brasileiro é composta por hidroelétricas, o que tem a vantagem de prover uma energia limpa, barata e com confiabilidade, quando a água é abundante”, informou o MME ao CORREIO, por meio de nota.   

O economista ainda revelou que, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), o preço da energia elétrica já subiu 17% nos últimos 12 meses, enquanto que a inflação subiu 7,6%. “O novo ajuste vai dar uma situação muito difícil para o consumidor, porque, ao mesmo tempo que ele vai gastar mais em produtos e serviços, como salão de beleza e a indústria que vai repassar, como para as famílias”, alerta.  

Dietze ressalta ainda que o impacto é maior para as famílias de baixa renda. “A energia elétrica, das famílias da Bahia que ganham até 2 mil reais, representa 3% do total da despesa, enquanto que o gasto com educação é de 2,6%, ou seja, as famílias têm um custo maior com energia do que com educação”, completa.  

Como economizar?

O engenheiro eletricista Uerlis Martins, professor da Uniruy, dá algumas dicas para os baianos saberem como economizar no consumo de energia elétrica. Isso começa logo na compra de um equipamento. “Quando o cliente for comprar um chuveiro, ar condicionado ou qualquer eletrodoméstico, deve buscar o selo A do Procel, que tem menor consumo de energia, apesar de ser um pouco mais caro em valor de venda”, orienta Martins.  

De acordo com ele, deixar o carregador de celular na tomada, mesmo sem o aparelho de telefone, pode gerar um custo de R$ 3 a 6 no final do mês. Já os purificadores de água, que funcionam como filtros, podem causar estragos de R$ 60. Os maiores vilões são o ar-condicionado e chuveiro, que precisam de uma potência maior para funcionar.  

“O ar condicionado tem uma potência média de 900 WT/h, e causam um impacto de R$ 200 a R$ 240, se for usado 8 horas por dia. Já o chuveiro elétrico, na posição mais baixa, de água morna, gasta 2.300 WT/h, mas não usamos por tanto tempo como o ar-condicionado. Se a pessoa tomar 30 banhos de 10 minutos, gasta R$ 35 no final do mês. Na posição máxima, gastaria o dobro”, situa.  

Por isso, ele recomenda que os consumidores programem o ar-condicionado para funcionar de 23h às 4h da manhã, diminuindo o tempo de uso. As televisões, por sua vez, consomem 100WT/h de energia. Ou seja, se ela ficar ligada 10 horas por dia, gerará um custo diário de R$ 60 e R$ 180 na conta de luz mensal.  

Há ainda outros pequenos vilões que podem encarecer a conta. “Os liquidificadores, mesmo com um pequeno uso por dia, para bater suco, por exemplo, podem causar gastos de R$ 8 no mês. O ventilador comum, móvel, se for usado 10 horas por dia, todos os dias, gera um custo de R$ 40, se for de potência de 140 KW/h. São os pequenos gastos, que, somados, fazem a cobrança ficar mais cara”, explica o engenheiro elétrico.  

Ana Christina Mascarenhas, gerente de Eficiência Energética da Neoenergia, empresa controladora da Coelba, ressalta que toda economia de energia é bem-vinda neste momento. Desde colocar o ventilador de teto na velocidade reduzida, pois gasta menos, a não descongelar alimentos no micro-ondas.  

“A bandeira tarifaria da Aneel não é para determinar que se precisa acionar as térmicas, e sim porque as pessoas precisarem economizar energia. A Bahia é um estado muito grande, e isso gera um custo muito grande para a produção e geração de energia. Até os gatos incluenciam no valor da tarifa, porque gera perda de energia”, explica Ana Christina.  

Ela também dá outras orientações para enxugar o consumo, como usar a luz natural nos cômodos sempre que possível, abrindo portas e janelas. Quando escolher as lâmpadas, é melhor comprar os modelos mais econômicos, que são as de LED, capazes de proporcionar uma economia de até 78% se comparada com as halógenas e 40% em relação às fluorescentes compactas.

No caso da geladeira, durante o uso, as principais dicas são: evitar deixar a porta aberta por mais tempo que o necessário e não colocar alimentos quentes dentro do refrigerador nem secar roupas e panos na parte de trás. O modelo do ferro de passar roupas também faz muita diferença - o consumo dobra com o ferro a vapor em relação ao ferro a seco.

O que são bandeiras tarifárias?

As bandeiras tarifárias são cobradas na conta de luz dependendo das condições de geração de energia no país. Quando as condições são favoráveis, não há cobrança (bandeira verde). Quando há problemas, são cobradas as bandeiras amarela, vermelha ou vermelha patamar 2, a mais alta.

Tarifa Social

Descontos de até 65% na conta de luz são oferecidos aos clientes classificados com baixa renda, por meio da Tarifa Social. Têm direito ao benefício os consumidores inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal e que tenham renda familiar mensal por pessoa menor ou igual a meio salário mínimo.  

A Coelba faz a inscrição de forma proativa, mas, se o CPF que aparece na fatura não for o mesmo que o do representante da família no cadastro nacional, é necessário solicitar a inclusão. O pedido pode ser feito através dos canais de atendimento digitais, como o site (www.coelba.com.br) e WhatsApp (71) 3370-6350.

Histórico da Tarifa média de aplicação pela Coelba - fonte: Aneel

2011 - R$ 382,00/MWh
2012 - R$ 404,00/MWh
2013 - R$ 293,27/MWh
2014 - R$ 336,3/MWh
2015 - R$ 388,4/MWh
2016 - R$ 430,4/MWh
2017 - R$ 442,5/MWh
2018 - R$ 519,4/MWh
2019 - R$ 552,1/MWh
2020 - R$ 576,00/MWh
2021 - R$ 619,57/MWh

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