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Geraldo Honorato, jornalista |
Pontua o senso comum que política, religião e futebol não se discute. Essa é uma típica resposta adotada por idiotas. Tudo na vida é discutível. Se o debate vai mudar ou não a ordem das coisas são outros quinhentos, mas o fato concreto é que indivíduo emancipado rejeita todo argumento que lhe é apresentado como absoluto.
Feito este preâmbulo, um tanto até quanto desnecessário, disponho-me a falar sobre o Esporte Clube Bahia, que, na tora, graças a intervenção da Justiça, está em vias de gozar couvert mínimo de democracia interna.
Após afastamento de Marcelo Guimarães Filho, a assunção do promotor Carlos Rátis ao posto de interventor, a abertura de espaço para novos sócios e a assembleia que mudou os principais nós do estatuto, o tricolor terá um novo presidente, eleito pelo voto direto dos associados, em 07 de setembro. O Dia da Independência do Brasil se transformará também, no melhor dos meus sonhos, no marco da independência do Bahia.
Existem três pré-candidatos a presidente do maior clube de massa do Nordeste - excluí propositalmente Binha de São Caetano. São eles Antonio Tilemont, empresário do ramo esportivo, Fernando Schimidt, que presidiu o Esquadrão nos 70 [atualmente é secretário do governo Jaques Wagner] e Rui Cordeiro, engenheiro que já disputou o cargo máximo do Esporte Clube Bahia em duas oportunidades.
Confesso que causa um certo frio na espinha imaginar que o Bahia possa voltar a ter dono, não que esteja vendo os três diletos presidenciáveis com presunção de culpa. Trata-se aqui apenas de um grito de alerta, como diria o mestrinho Gonzaguinha.
Marcelo Guimarães Filho cometeu todos os erros possíveis à frente do tricolor, embora sempre tenha uma dúzia de Meleagris gallopavo que o defendam. Nos mais de 10 anos de administração dos “Marcelos” (pai e filho) o Bahia perdeu a hegemonia do futebol baiano e foi rebaixado três vezes. Isso, somado aos escândalos, o aparelhamento e a gatunagem.
Devemos, portanto, rifar qualquer possibilidade de misturar a gestão com interesses de grupos políticos e empresariais. Como disse algumas linhas acima, tudo na vida se discute. Isso é condição elementar do bom viver. Porém, nem tudo se mistura. Política partidária, aparelhamento, negócios privados e futebol carecem ser, no caso do Bahia, como água e óleo, dois elementos que jamais vão se fundir.
*O autor é jornalista
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